Você está aqui: Página Inicial > Notícia > Salvador - Índios por índios

Todas as notícias Categorias

19/04/2003 Undime

Salvador - Índios por índios




 Foto:  Divulgação
indio. cd
ÍNDIA KIRIRI YANDE
 


 
Das primeiras tintas que serviram para retratar as representações do indígena brasileiro até o surgimento da máquina fotográfica digital, os nativos percorreram um longo caminho documental. Mesmo assim, muitas nações sumiram para sempre sem deixar registro.

Mas neste 19 de abril – Dia do Índio – há um bom motivo para comemorar: índios kiriris e tupinambás (duas das 11 tribos que vivem no território baiano) lançam, hoje, livros com fotos e entrevistas feitas por eles mesmos, no Parque da Cidade, das 9 às 17 horas.
  
Integrantes do projeto Índios na visão dos índios, os dois volumes surgiram graças à parceria das duas tribos com a Ong Thydêwá, que montou nos povoamentos, durante três semanas, a oficina de identidade, criação e expressão.

O público aprendiz, com idade variando entre 12 e 21 anos, teve aula de fotografia e de técnicas de reportagem e extraiu dessa vivência tecnológica os textos impressos nas 64 páginas de cada um dos volumes.
  
Cerca de 20 índios das duas tribos estarão no Parque da Cidade hoje, vendendo produtos artesanais e apresentando espetáculos de dança e canto. Muitas das suas ações e representações culturais podem ser vistas no site www.visaodosindios.com.br, no qual farto material fotográfico deleita o visitante.

“Queremos, com isso, realizar ações no sentido de promover integração multirracial, fortalecer a identidade dos povos e a informação sobre os seus direitos”, explica o coordenador da Ong.

NA ERA DIGITAL - Ao todo, são mais de 100 fotos de índios por índios, em papel couché fosco, com a devida autorização dos respectivos caciques. Inicialmente, as máquinas eram analógicas. No ano passado, chegaram as digitais.

“Aqui foram tirando a cultura do índio, obrigando a falar o português. Eu imagino que os índios tupinambás, antes dos portugueses chegarem, eram livres. Não tinha outra nação para embargar eles. Eles viviam à vontade, tinham onde morar”, relata a curumim tupinambá Pedrisa.
  
Sua amiga Leila conhece o passado e conta: “Quem domesticou os índios aqui foi os jesuítas, impondo o catolicismo. Por isso, hoje, estamos resgatando a tradição. Reconheceram nossa aldeia e, agora, estamos lutando para demarcar”.
 
O projeto Índios na visão dos índios foi iniciado em 2001 e já conta com quatro volumes lançados, sobre as tribos nordestinas Kariri-Xocó (Alagoas), Pankararu e Fulni-ô (Pernambuco) e Tumbalalá, tribo baiana que habita os arredores de Abaré e Curaçá, municípios na região do Rio São Francisco.
  
“As reações foram diferentes em cada tribo. Os kiriris, que são sertanejos, ficaram observando uns dois anos o comportamento, diziam que branco nunca deu nada de bom pra eles, até que as barreiras foram se rompendo”, relembra Sebastian Gerlic, presidente da Ong.

Com os tupinambás, foi mais fácil. “Falei ao telefone com a cacique que tinha a verba para realizar um projeto e ela disse ’venha’, e eu fui”, conta o pesquisador argentino.

O quê: livros, feira e show
Quando: hoje, às 9 horas
Onde: Parque da Cidade (Avenida Antônio Carlos Magalhães/Itaigara)
Ingresso: entrada franca


Parceria institucional