05/12/2002 Undime
RIO - Não são em boates ou bares da cidade que os jovens ficam mais perto das drogas. Uma pesquisa realizada este ano pela Unesco em 30 escolas do Rio constatou que em 55% dos casos de estudantes entre 10 e 24 anos que são usuários de drogas o primeiro contato é feito perto de casa ou da escola, com pessoas conhecidas e em ambientes de confiança dos pais.
O estudo confirmou ainda o crescimento do hábito de beber entre os estudantes. Onze por cento dos entrevistados disseram que bebem regularmente, e 42% consomem álcool em ocasiões especiais. Em compensação, a pesquisa da Unesco traz uma boa notícia: 90% dos estudantes do Rio afirmaram que nunca fumaram cigarro. E apenas 2% disseram fumar com regularidade, comprovando a tendência de queda nesse hábito também entre a população mais jovem.
A pesquisa da Unesco entrevistou 3.227 estudantes do Rio e outros 50 mil em 14 capitais do país. O acesso cada vez mais natural às drogas foi considerado o aspecto mais preocupante dos resultados do trabalho. Para a pesquisadora da Unesco Mary Garcia Castro, o dado revela que a banalização do uso de drogas nas grandes cidades chegou definitivamente às escolas.
- Isso mostra claramente aos pais que não basta apenas ficarem preocupados com lugares de risco, como boates ou festas. A droga hoje está em qualquer lugar. E o primeiro lugar com que se preocupar é a escola - diz. Para a pesquisadora, mais importante do que impedir que o jovem freqüente certos lugares é fazer com que ele tenha informações suficientes para avaliar os riscos do envolvimento com as drogas.
Sobre esse aspecto, a pesquisa revelou outro dado alarmante: o número de alunos que afirmam saber da presença de drogas nas escolas é duas vezes maior do que o número de educadores que reconhecem a situação. Ou seja: nem todos os professores e diretores admitem que há drogas em suas escolas. "Alguns professores que responderam à pesquisa chegaram a alegar que os alunos já chegam drogados às suas salas de aula, o que é uma forma de tentar negar o problema", avalia a pesquisadora. A pesquisa da Unesco mostrou também que o número de alunos que consome drogas regularmente é maior entre os repetentes: 33%, contra 28% entre os jovens que nunca foram reprovados.
O consumo de drogas aumenta ainda mais quando a reprovação acontece mais de uma vez: 38%. O estudo não conclui, porém, se o fracasso escolar é uma causa ou uma conseqüência do uso de drogas.
Entre os motivos que fazem os jovens nas escolas procurarem as drogas - segundo a pesquisa - estão a curiosidade, a influência dos amigos, a pressão do grupo, conflitos familiares e existenciais, busca por novas experiências. Diferentemente do que se costuma pensar, a pesquisa mostrou que o uso de drogas é maior entre os alunos que trabalham e estudam: 8,3%.
Entre os alunos que só estudam, o percentual cai para 3,7%. Esses dados mostram que não existe um tipo padrão para o uso de drogas entre os estudantes, e é perigoso criar um estereótipo para isso -, avalia a pesquisadora.
RIO - Não são em boates ou bares da cidade que os jovens ficam mais perto das drogas. Uma pesquisa realizada este ano pela Unesco em 30 escolas do Rio constatou que em 55% dos casos de estudantes entre 10 e 24 anos que são usuários de drogas o primeiro contato é feito perto de casa ou da escola, com pessoas conhecidas e em ambientes de confiança dos pais. O estudo confirmou ainda o crescimento do hábito de beber entre os estudantes. Onze por cento dos entrevistados disseram que bebem regularmente, e 42% consomem álcool em ocasiões especiais. Em compensação, a pesquisa da Unesco traz uma boa notícia: 90% dos estudantes do Rio afirmaram que nunca fumaram cigarro. E apenas 2% disseram fumar com regularidade, comprovando a tendência de queda nesse hábito também entre a população mais jovem. A pesquisa da Unesco entrevistou 3.227 estudantes do Rio e outros 50 mil em 14 capitais do país. O acesso cada vez mais natural às drogas foi considerado o aspecto mais preocupante dos resultados do trabalho. Para a pesquisadora da Unesco Mary Garcia Castro, o dado revela que a banalização do uso de drogas nas grandes cidades chegou definitivamente às escolas. - Isso mostra claramente aos pais que não basta apenas ficarem preocupados com lugares de risco, como boates ou festas. A droga hoje está em qualquer lugar. E o primeiro lugar com que se preocupar é a escola - diz. Para a pesquisadora, mais importante do que impedir que o jovem freqüente certos lugares é fazer com que ele tenha informações suficientes para avaliar os riscos do envolvimento com as drogas. Sobre esse aspecto, a pesquisa revelou outro dado alarmante: o número de alunos que afirmam saber da presença de drogas nas escolas é duas vezes maior do que o número de educadores que reconhecem a situação. Ou seja: nem todos os professores e diretores admitem que há drogas em suas escolas. "Alguns professores que responderam à pesquisa chegaram a alegar que os alunos já chegam drogados às suas salas de aula, o que é uma forma de tentar negar o problema", avalia a pesquisadora. A pesquisa da Unesco mostrou também que o número de alunos que consome drogas regularmente é maior entre os repetentes: 33%, contra 28% entre os jovens que nunca foram reprovados. O consumo de drogas aumenta ainda mais quando a reprovação acontece mais de uma vez: 38%. O estudo não conclui, porém, se o fracasso escolar é uma causa ou uma conseqüência do uso de drogas. Entre os motivos que fazem os jovens nas escolas procurarem as drogas - segundo a pesquisa - estão a curiosidade, a influência dos amigos, a pressão do grupo, conflitos familiares e existenciais, busca por novas experiências. Diferentemente do que se costuma pensar, a pesquisa mostrou que o uso de drogas é maior entre os alunos que trabalham e estudam: 8,3%. Entre os alunos que só estudam, o percentual cai para 3,7%. Esses dados mostram que não existe um tipo padrão para o uso de drogas entre os estudantes, e é perigoso criar um estereótipo para isso -, avalia a pesquisadora.