30/01/2004 Undime
O cinturão de cidades mato-grossenses que têm em comum o regime de colonização por fronteira agrícola registra taxas de analfabetismo próximas das de Brasília (5,7%). Uma delas, Campos de Júlio, supera a marca da capital federal e ostenta o índice de 5%, o menor das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte juntas, segundo dados do IBGE de 2000.
O movimento nacional de expansão agrícola teve início na década de 60. O objetivo era incorporar áreas pouco povoadas ao processo de desenvolvimento econômico do País. A partir daí, Mato Grosso, então um estado de economia periférica, passou a contribuir para os saldos da balança comercial brasileira. A expansão agrícola do norte do estado teve como protagonistas os descendentes de imigrantes europeus vindos do sul do Brasil (gaúchos, catarinenses e paranaenses).
O progresso e a riqueza trazidos pela incorporação de terras à produção foram regionalmente desiguais, porém. Em contraposição ao oásis social das cidades do norte mato-grossense, municípios pertencentes à chamada Baixada Cuiabana (o entorno da capital, Cuiabá) apresentam índices sociais baixos. Com relação à taxa de analfabetismo, por exemplo, Nova Mutum (6%), Primavera do Leste (6,5%), Lucas do Rio Verde (6,6%), Sorriso (7,5%), Sinop (8,5%) e a já citada Campos de Júlio, todas na fronteira agrícola, pertencem ao ranking dos 25 melhores indicadores da região Centro-Oeste.
Já as taxas de analfabetismo de alguns municípios da Baixada revelam-se emblemáticas: Barão de Melgaço, 53,8%; Nossa Senhora do Livramento, 50,3%; Rosário do Leste, 40%, segundo dados do IBGE de 2000. A média do estado é de 12,4%. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o número de analfabetos na capital de Mato Grosso chega a 20 mil, com incidência maior entre 15 e 59 anos.
Pouca idade — A secretária estadual, Ana Carla Muniz, acredita que a disparidade deve-se à pouca idade dos municípios do norte, que repercute em dívidas públicas de baixo valor e à farta oferta de terras férteis. “Na Baixada, há municípios antigos que foram áreas de garimpo, como Poconé. Além disso, são terras inapropriadas para o cultivo, não agregam valor”, disse.
Ela estimula a população a se responsabilizar pela erradicação do analfabetismo ao orientar aqueles que não sabem ler nem escrever a procurar os programas oferecidos. “Além de contribuir para o crescimento do estado, os habitantes ajudam a construir cidadãos”, afirma Ana Carla.
Telma Pinheiro, coordenadora da Secretaria de Educação de Nova Mutum, vê as diferenças entre as regiões como resultado de um esforço contínuo, mas informa que a prefeitura gasta 36% de seus recursos só com educação. “Com transporte, os gastos são de R$ 1 milhão por ano”, afirma.
Migração — O município de Sorriso aplica 27% do que arrecada com educação. Mesmo crescendo 10% ao ano, recebe muitos migrantes das regiões Norte e Nordeste. “Se a população fosse estável, já teríamos erradicado o analfabetismo”, afirma Sandra Bento, assessora da secretaria. Ela crê que, mesmo assim, o índice será zerado em “no máximo cinco anos”, pois o município vem investindo sistematicamente em educação desde 1997.
Em Sorriso, há 1.839 analfabetos. Em Nova Mutum, 526. A meta é zerar esse número até 2006. “Neste ano, vamos alfabetizar 100, apenas com o LetraAção”, diz Telma Pinheiro. O LetraAção é um programa da Seduc em parceria com o Conselho Estadual de Educação, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e da Universidade de Cuiabá (Unic). A secretaria deve fechar, em fevereiro, parceria com o Brasil Alfabetizado, do MEC.
A meta do programa é alfabetizar 224.760 jovens e adultos até o final de 2006. Segundo informações do IBGE de 2000, esse número corresponde a 11,1% da população de todo o estado. Para se cadastrar, a pessoa deve ter mais de 15 anos e morar em um dos municípios contemplados pelo LetraAção. O projeto está presente em 74 cidades de Mato Grosso, de um total de 126.
O cinturão de cidades mato-grossenses que têm em comum o regime de colonização por fronteira agrícola registra taxas de analfabetismo próximas das de Brasília (5,7%). Uma delas, Campos de Júlio, supera a marca da capital federal e ostenta o índice de 5%, o menor das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte juntas, segundo dados do IBGE de 2000.O movimento nacional de expansão agrícola teve início na década de 60. O objetivo era incorporar áreas pouco povoadas ao processo de desenvolvimento econômico do País. A partir daí, Mato Grosso, então um estado de economia periférica, passou a contribuir para os saldos da balança comercial brasileira. A expansão agrícola do norte do estado teve como protagonistas os descendentes de imigrantes europeus vindos do sul do Brasil (gaúchos, catarinenses e paranaenses).O progresso e a riqueza trazidos pela incorporação de terras à produção foram regionalmente desiguais, porém. Em contraposição ao oásis social das cidades do norte mato-grossense, municípios pertencentes à chamada Baixada Cuiabana (o entorno da capital, Cuiabá) apresentam índices sociais baixos. Com relação à taxa de analfabetismo, por exemplo, Nova Mutum (6%), Primavera do Leste (6,5%), Lucas do Rio Verde (6,6%), Sorriso (7,5%), Sinop (8,5%) e a já citada Campos de Júlio, todas na fronteira agrícola, pertencem ao ranking dos 25 melhores indicadores da região Centro-Oeste.Já as taxas de analfabetismo de alguns municípios da Baixada revelam-se emblemáticas: Barão de Melgaço, 53,8%; Nossa Senhora do Livramento, 50,3%; Rosário do Leste, 40%, segundo dados do IBGE de 2000. A média do estado é de 12,4%. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o número de analfabetos na capital de Mato Grosso chega a 20 mil, com incidência maior entre 15 e 59 anos. Pouca idade — A secretária estadual, Ana Carla Muniz, acredita que a disparidade deve-se à pouca idade dos municípios do norte, que repercute em dívidas públicas de baixo valor e à farta oferta de terras férteis. “Na Baixada, há municípios antigos que foram áreas de garimpo, como Poconé. Além disso, são terras inapropriadas para o cultivo, não agregam valor”, disse.Ela estimula a população a se responsabilizar pela erradicação do analfabetismo ao orientar aqueles que não sabem ler nem escrever a procurar os programas oferecidos. “Além de contribuir para o crescimento do estado, os habitantes ajudam a construir cidadãos”, afirma Ana Carla.Telma Pinheiro, coordenadora da Secretaria de Educação de Nova Mutum, vê as diferenças entre as regiões como resultado de um esforço contínuo, mas informa que a prefeitura gasta 36% de seus recursos só com educação. “Com transporte, os gastos são de R$ 1 milhão por ano”, afirma.Migração — O município de Sorriso aplica 27% do que arrecada com educação. Mesmo crescendo 10% ao ano, recebe muitos migrantes das regiões Norte e Nordeste. “Se a população fosse estável, já teríamos erradicado o analfabetismo”, afirma Sandra Bento, assessora da secretaria. Ela crê que, mesmo assim, o índice será zerado em “no máximo cinco anos”, pois o município vem investindo sistematicamente em educação desde 1997.Em Sorriso, há 1.839 analfabetos. Em Nova Mutum, 526. A meta é zerar esse número até 2006. “Neste ano, vamos alfabetizar 100, apenas com o LetraAção”, diz Telma Pinheiro. O LetraAção é um programa da Seduc em parceria com o Conselho Estadual de Educação, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e da Universidade de Cuiabá (Unic). A secretaria deve fechar, em fevereiro, parceria com o Brasil Alfabetizado, do MEC.A meta do programa é alfabetizar 224.760 jovens e adultos até o final de 2006. Segundo informações do IBGE de 2000, esse número corresponde a 11,1% da população de todo o estado. Para se cadastrar, a pessoa deve ter mais de 15 anos e morar em um dos municípios contemplados pelo LetraAção. O projeto está presente em 74 cidades de Mato Grosso, de um total de 126.