14/04/2003 Undime
Já chegamos praticamente no meio do mês de abril, período em que deveriam ser realizadas as primeiras provas do ano na rede de ensino estadual. Mas o que se vê são muitos alunos se queixando da falta de aula em algumas escolas de Belém. Durante os primeiros dez dias de abril estourou a onda de protestos de estudantes em estabelecimentos de ensinos. Alunos da Escola Estadual Paulino de Brito, Instituto de Educação do Pará (IEP), Nílson Pinto, em Marituba, entre outras, cobram a presença de professores na sala de aula.
Os estudantes afirmam que o mesmo problema ocorreu ano passado. Sem cumprir o programa com as diversas disciplinas, como Geografia, Matemática, Química, Português, Inglês, Literatura, Biologia, História e Física, os estudantes temem ser prejudicados no momento de concorrer ao Programa de Ingresso Seriado (Prise) da Universidade do Estado do Pará (Uepa) ou Programa Seriado Seletivo (PSS), nova modalidade de seleção da Universidade Federal do Pará (UFPA).
A maioria é formada por alunos na faixa etária entre 16 e 19 anos, cursando entre a 1ª e 3ª séries do Ensino Médio, distribuídos nos três turnos. Ano passado, muitos estudantes tiveram quatro dias de aula e realizaram a prova no quinto dia. Para recuperar o tempo perdido, a nota alcançada no teste anterior era repetida para os testes subseqüentes.
Para quem não quer nada com os estudos, o fato foi recebido com euforia. Já os alunos que levam os estudos a sério, só restaram as lamentações. A maioria dessa turma se sente prejudicada, porque reconhece que estará em desvantagem na disputa direta por uma vaga nas universidades com os alunos melhores preparados nas escolas particulares. Do programa que deveria ser cumprido em um ano, os alunos não tiveram acesso a nem um terço do cronograma. “O programa é imenso, mas eu reconheço que não cheguei a aprender nem a metade do que deveria”, lamenta Carlos Augusto Medeiros.
Em Marituba, a Escola Nílson Pinto, localizada no Residencial Almir Gabriel, antiga invasão Che-Guevara, a estudante Luciele Gomes Soares, 19 anos, aluna da 2ª série do Ensino Fundamental, sofre com os mesmos problemas dos colegas de Belém. De março até a última sexta-feira, Luciele contou que teve apenas a visita de uma professora de Geografia, que fez sua apresentação no segundo horário, após faltar ao primeiro. “Ela passou no máximo meia hora e foi embora. De lá para cá, não tive nenhuma aula sequer”, reclamou. Necessitando trabalhar para manter os estudos, Luciele estuda no terceiro turno, cuja carga horária é inferior à dos dois turnos diurnos. “Para complicar, ainda não temos aula”, desabafa.
No IEP, o protesto chegou às avenidas Serzedelo Correa e Presidente Vargas, causando congestionamento no tráfego no centro da cidade. Os alunos do convênio se aborreceram de tanto esperar a primeira aula de Língua Estrangeira, Física, Biologia e Geografia. O ano letivo começou no dia 10 de março.
Seduc admite, mas justifica problema
A diretora Administrativa de Ensino da Secretaria Executiva de Educação (Seduc), Nazaré Araújo, informou que vários fatores contribuíram para a lotação de professores às referidas escolas. Primeiro, porque houve um processo de reestruturação da Seduc, com a descentralização das duas questões pedagógica e administrativa. Antes, havia apenas o setor administrativo de ensino, que abrangia ainda a questão pedagógica. O outro fator foi a criação de novas escolas, proporcionando uma expansão no Ensino Médio, além do atraso no processo de lotação de professores.
No universo de 429 escolas da Região Metropolitana de Belém (RMB), apenas 30 não haviam encaminhado o número de profesores necessário nesses estabelecimentos até sexta-feira, 11. Para ajustar a quantidade de professores à demanda de novos alunos, houve necessidade de um período de adequação, como casos de alunos retardatários, que chegaram do interior. “Muitos alunos eram menores que estavam aguardando a chegada dos pais. Por isso, abrimos mais um tempo para as matrículas”, explicou Nazaré Araújo, informando que o prazo encerrou na última sexta-feira, 11.
Desde o início do ano letivo, no dia 10 de março, são poucas as escolas que estão nessa situação de problemas com a falta de professores, o equivalente a 7% do total de 429 estabelecimentos. Para solucionar o impasse, a Seduc começou a chamar os professores aprovados em concursos, conforme a necessidade. Os profissionais serão chamados para acabar com a escassez nessas disciplinas mais carentes de professores. Segundo Nazaré Araújo, o maior problema enfrentado pela Seduc é o baixo índice de aprovação de professores nas disciplinas de Física, Quimica, Bilogia e Língua Estrangeira. Para preencher essas vagas, a Seduc deverá contratar profissionais das universidades estadual e federal do Pará. “Não está descartada a possibilidade de serem contratados alunos cursando o último ano, para serem lotados em escolas tanto do interior quanto de Belém”, antecipou a diretora administrativa.
Os alunos prejudicados com a falta de aula querem saber se haverá reposição das aulas por parte da Seduc. “Já estamos nos preparando para fazer essa reposição”, avisou a diretora, assegurando que será aos sábados. Essa reposição deverá ser cumprida no máximo em três meses. O diretor da Unidade Regional de Ensino (URE-Belém), Roberto Teixeira, e o diretor pedagógico, Tadeu Oliver, já estão tomando todas as providências para solucionar os problemas emergenciais, visando a melhoria do funcionamento dessas escolas.
Reposição de 17,66% nas particulares
Será de 17,66% a reposição salarial dos professores de estabelecimentos de ensino particulares no Pará. O percentual foi definido após a sexta rodada de negociação entre o Sindicato dos Professores (Sinpro-PA) e o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino (Sinepe-PA). O reajuste da categoria é referente à data-base de março. No acordo coletivo fechado no encontro, ficou definido que o percentual será dividido em três parcelas: a primeira de 11%, a ser paga até o dia 30 de abril, através de uma folha suplementar; a segunda em agosto de 3,5%; e a terceira parcela de 2,42% será paga em novembro.
O acordo fechado na convenção coletiva 2003/2004 em 17,66% vai zerar todas as perdas salariais da categoria, passando pela hora atividade de 5%, alguns itens do ensino superior e garantia de todas as cláusulas conquistadas anteriormente. A negociação também vale para os pisos salariais dos docentes da Educação Infantil até a 4ª série, Ensino Fundamental de 5ª à 8ª série e Ensino Médio.
A coordenadora-geral do Sinpro, a professora Rosa Fares, recomenda aos professores que não aceitem nenhum tipo de pressão. “Os professores não devem aceitar pressão e nem assinar qualquer documento que se refira a um percentual inferior aos 17,66%. Se houver pressão, denuncie ao sindicato, que tomará as medidas jurídicas cabíveis ao caso”, orienta Rosa Fares. “Só quem tem autonomia é o sidicato. Qualquer acordo sem a anuência do Sinpro não terá validade jurídica”, completou a professora.
Já chegamos praticamente no meio do mês de abril, período em que deveriam ser realizadas as primeiras provas do ano na rede de ensino estadual. Mas o que se vê são muitos alunos se queixando da falta de aula em algumas escolas de Belém. Durante os primeiros dez dias de abril estourou a onda de protestos de estudantes em estabelecimentos de ensinos. Alunos da Escola Estadual Paulino de Brito, Instituto de Educação do Pará (IEP), Nílson Pinto, em Marituba, entre outras, cobram a presença de professores na sala de aula. Os estudantes afirmam que o mesmo problema ocorreu ano passado. Sem cumprir o programa com as diversas disciplinas, como Geografia, Matemática, Química, Português, Inglês, Literatura, Biologia, História e Física, os estudantes temem ser prejudicados no momento de concorrer ao Programa de Ingresso Seriado (Prise) da Universidade do Estado do Pará (Uepa) ou Programa Seriado Seletivo (PSS), nova modalidade de seleção da Universidade Federal do Pará (UFPA). A maioria é formada por alunos na faixa etária entre 16 e 19 anos, cursando entre a 1ª e 3ª séries do Ensino Médio, distribuídos nos três turnos. Ano passado, muitos estudantes tiveram quatro dias de aula e realizaram a prova no quinto dia. Para recuperar o tempo perdido, a nota alcançada no teste anterior era repetida para os testes subseqüentes. Para quem não quer nada com os estudos, o fato foi recebido com euforia. Já os alunos que levam os estudos a sério, só restaram as lamentações. A maioria dessa turma se sente prejudicada, porque reconhece que estará em desvantagem na disputa direta por uma vaga nas universidades com os alunos melhores preparados nas escolas particulares. Do programa que deveria ser cumprido em um ano, os alunos não tiveram acesso a nem um terço do cronograma. “O programa é imenso, mas eu reconheço que não cheguei a aprender nem a metade do que deveria”, lamenta Carlos Augusto Medeiros. Em Marituba, a Escola Nílson Pinto, localizada no Residencial Almir Gabriel, antiga invasão Che-Guevara, a estudante Luciele Gomes Soares, 19 anos, aluna da 2ª série do Ensino Fundamental, sofre com os mesmos problemas dos colegas de Belém. De março até a última sexta-feira, Luciele contou que teve apenas a visita de uma professora de Geografia, que fez sua apresentação no segundo horário, após faltar ao primeiro. “Ela passou no máximo meia hora e foi embora. De lá para cá, não tive nenhuma aula sequer”, reclamou. Necessitando trabalhar para manter os estudos, Luciele estuda no terceiro turno, cuja carga horária é inferior à dos dois turnos diurnos. “Para complicar, ainda não temos aula”, desabafa. No IEP, o protesto chegou às avenidas Serzedelo Correa e Presidente Vargas, causando congestionamento no tráfego no centro da cidade. Os alunos do convênio se aborreceram de tanto esperar a primeira aula de Língua Estrangeira, Física, Biologia e Geografia. O ano letivo começou no dia 10 de março. Seduc admite, mas justifica problema A diretora Administrativa de Ensino da Secretaria Executiva de Educação (Seduc), Nazaré Araújo, informou que vários fatores contribuíram para a lotação de professores às referidas escolas. Primeiro, porque houve um processo de reestruturação da Seduc, com a descentralização das duas questões pedagógica e administrativa. Antes, havia apenas o setor administrativo de ensino, que abrangia ainda a questão pedagógica. O outro fator foi a criação de novas escolas, proporcionando uma expansão no Ensino Médio, além do atraso no processo de lotação de professores. No universo de 429 escolas da Região Metropolitana de Belém (RMB), apenas 30 não haviam encaminhado o número de profesores necessário nesses estabelecimentos até sexta-feira, 11. Para ajustar a quantidade de professores à demanda de novos alunos, houve necessidade de um período de adequação, como casos de alunos retardatários, que chegaram do interior. “Muitos alunos eram menores que estavam aguardando a chegada dos pais. Por isso, abrimos mais um tempo para as matrículas”, explicou Nazaré Araújo, informando que o prazo encerrou na última sexta-feira, 11. Desde o início do ano letivo, no dia 10 de março, são poucas as escolas que estão nessa situação de problemas com a falta de professores, o equivalente a 7% do total de 429 estabelecimentos. Para solucionar o impasse, a Seduc começou a chamar os professores aprovados em concursos, conforme a necessidade. Os profissionais serão chamados para acabar com a escassez nessas disciplinas mais carentes de professores. Segundo Nazaré Araújo, o maior problema enfrentado pela Seduc é o baixo índice de aprovação de professores nas disciplinas de Física, Quimica, Bilogia e Língua Estrangeira. Para preencher essas vagas, a Seduc deverá contratar profissionais das universidades estadual e federal do Pará. “Não está descartada a possibilidade de serem contratados alunos cursando o último ano, para serem lotados em escolas tanto do interior quanto de Belém”, antecipou a diretora administrativa. Os alunos prejudicados com a falta de aula querem saber se haverá reposição das aulas por parte da Seduc. “Já estamos nos preparando para fazer essa reposição”, avisou a diretora, assegurando que será aos sábados. Essa reposição deverá ser cumprida no máximo em três meses. O diretor da Unidade Regional de Ensino (URE-Belém), Roberto Teixeira, e o diretor pedagógico, Tadeu Oliver, já estão tomando todas as providências para solucionar os problemas emergenciais, visando a melhoria do funcionamento dessas escolas. Reposição de 17,66% nas particulares Será de 17,66% a reposição salarial dos professores de estabelecimentos de ensino particulares no Pará. O percentual foi definido após a sexta rodada de negociação entre o Sindicato dos Professores (Sinpro-PA) e o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino (Sinepe-PA). O reajuste da categoria é referente à data-base de março. No acordo coletivo fechado no encontro, ficou definido que o percentual será dividido em três parcelas: a primeira de 11%, a ser paga até o dia 30 de abril, através de uma folha suplementar; a segunda em agosto de 3,5%; e a terceira parcela de 2,42% será paga em novembro. O acordo fechado na convenção coletiva 2003/2004 em 17,66% vai zerar todas as perdas salariais da categoria, passando pela hora atividade de 5%, alguns itens do ensino superior e garantia de todas as cláusulas conquistadas anteriormente. A negociação também vale para os pisos salariais dos docentes da Educação Infantil até a 4ª série, Ensino Fundamental de 5ª à 8ª série e Ensino Médio. A coordenadora-geral do Sinpro, a professora Rosa Fares, recomenda aos professores que não aceitem nenhum tipo de pressão. “Os professores não devem aceitar pressão e nem assinar qualquer documento que se refira a um percentual inferior aos 17,66%. Se houver pressão, denuncie ao sindicato, que tomará as medidas jurídicas cabíveis ao caso”, orienta Rosa Fares. “Só quem tem autonomia é o sidicato. Qualquer acordo sem a anuência do Sinpro não terá validade jurídica”, completou a professora.