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17/03/2003 Undime

Evasão nas séries iniciais em Mato Grosso é 51% maior que a média nacional

A evolução nos índices de qualidade do sistema educacional brasileiro encontra os maiores obstáculos nas chamadas séries iniciais – 5ª série do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio.

Levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) entre 1995 e 2001 mostra que os “ritos de passagem” de cada fase do sistema podem se impor como bons testes para a continuidade da caminhada dos estudantes. De maneira geral, a partir da 5ª série os índices de evasão, abandono e repetência escolar tomam impulsos fortes e atingem seu ápice na série inicial do Ensino Médio - o 1ºano.

Em Mato Grosso não é diferente e, em alguns casos, chegam a ser piores que a média nacional. No último ano pesquisado pelo Inep sobre o abandono escolar, a taxa geral no país chegava a 15% na 5ª série e a 21,8% no 1º ano. Em Mato Grosso, no mesmo ano, a taxa atingia 25,3% e 29%, respectivamente. Somados, esses números representam uma média de evasão 51% maior, somando-se os dois casos.

A repetência no Estado, de acordo com o estudo, evolui de maneira significativa entre a 4ª e 5ª séries - passou de 14,3% para 28% em 2000. A média geral no Ensino Médio - antigo segundo grau - foi de 18% no mesmo período. Os estudantes do 1º ano, no entanto, foram os que mais repetiram a série reprovada - taxa de 22%, contra 18% e 12% nas duas séries seguintes. “Isso é um dos efeitos da mudança de nível que o estudante experimenta, onde a estrutura pedagógica apresenta novidades que algumas vezes não são bem recebidas por eles”, comenta Elvira Tereza de Oliveira, diretora do Colégio Nilo Povoas, um dos maiores no sistema público estadual, com 2,6 mil alunos. Ela cita a inclusão de novas disciplinas e professores como um dos fatores que, por vezes, podem representar dificuldades para uma parcela dos estudantes.

“O aluno sai de uma série onde apenas uma “tia” lecionava e passa a assistir aulas com até oito professores diferentes, como é o caso da 5ª série. Alguns não se adaptam”, exemplifica a diretora. Isso, de uma forma diferente, também pode ser aplicado ao estudante que ingressa no 1º ano do Ensino Médio.

A mudança para um nível acima pode também expor os problemas de um possível ensino fundamental mal feito, segundo ela. “Nesta série o aluno aprende novas matérias, mas também faz uma revisão geral de tudo o que aprendeu nos cinco anos anteriores. Se alguma coisa ficou mal resolvida, isso vem à tona”, explica Elvira. A distorção de idade em relação às séries também denota, em números, o problema comentado pela diretora. Entre 1996 e 2001, a taxa que representa a quantidade de alunos “atrasados” vem caindo sistematicamente em Mato Grosso, mas ainda é alta nas duas séries iniciais.

O índice cresce de 34% na 4ª série do ensino fundamental para 51,6% na série seguinte. E alcança curiosamente o mesmo índice no 1ºano do Ensino Médio, também o maior entre as três séries deste nível. “Esse ano chegaram alguns grandões, mas vieram de outras escolas”, afirma Deuza Conceição Rodrigues, diretora de uma escola do bairro Poção. Os “grandões” a que se refere Deuza são alunos de até 14 anos que ingressaram na 5ª série esse ano.

A escola municipal adota o sistema de “ciclos”, criado para reduzir o índice de reprovações nas primeiras séries do ensino fundamental.


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