01/04/2003 Undime
Opinião
Em meados dos anos 80, o Brasil começou a sair de um dos períodos mais tenebrosos de sua história. Mais do que uma ditadura militar, uma ditadura de direita, com os militares à frente, consolidara, a partir de 1964, a relação de dependência e sociedade entre as elites nacionais e o capital internacional. O retorno do país à normalidade democrática, no entanto, coincidiu com o avanço do neoliberalismo que fez uso das mesmas elites para continuar sua política de domínio econômico. Esse processo continua, ainda hoje, nas mais diversas frentes, das mais diversas formas: um banco estrangeiro fincado em uma de nossas calçadas, uma lanchonete com sotaque naquela outra esquina, um programa de computador produzido no exterior, uma guerra mal-explicada do outro lado do mundo...
Armas variadas, de sedução pessoal ou destruição em massa, vão, pouco a pouco, minando nossa economia, corrompendo nossa vontade política e gerando uma relação de dependência que, por sua vez, reinicia o círculo vicioso que acabará por nos transformar em mais uma província de um império qualquer se não formos capazes de reagir e de reconstruir a soberania do país. Tal feito, porém, só pode ser alcançado com educação.
A história mostra que só os países que investiram pesadamente na formação de cérebros e cidadãos puderam construir sociedades economicamente fortes e capazes de defender da cobiça internacional os interesses do conjunto de sua sociedade. Somente a partir do século XVII, quando a educação pública começou a ser massificada na Inglaterra é que o país se fortificou a ponto de construir um império que tomou 20% do planeta Terra para si. A França só foi capaz de se lançar em uma aventura política e militar que contrabalançasse o poderio britânico depois que a revolução levou educação laica para todo o povo. O Japão do século XIX, saiu da Idade Média à Era Moderna em pouco mais de 50 anos, graças a pesados investimentos em educação. O mesmo fez os Estados Unidos, quando concluiu a implantação de um sistema educacional que se tornou modelo mundial ao erradicar o analfabetismo.
Não queremos construir impérios, mas também não queremos ser reduzidos a uma exótica, longínqua, carnavalesca e chucra província. Por isso lutamos por educação pública, gratuita e de qualidade para todos, de todas as idades, em todas as etapas do aprendizado. Somente com um povo educado é que seremos capazes de reverter o processo de colonização do Brasil, que, antes da economia, toma nosso conhecimento. Saber é poder.
Esse é o verdadeiro objetivo da 4ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, que ocorrerá de 7 a 11 de abril. Queremos que ela seja, ainda que simbolicamente, o primeiro passo para uma nova e verdadeira redemocratização, quando todo o nosso povo terá educação pública e gratuita de qualidade e portanto será capaz de construir um novo Brasil. Rico, soberano, justo e com oportunidades e espaço para todos.
Opinião Em meados dos anos 80, o Brasil começou a sair de um dos períodos mais tenebrosos de sua história. Mais do que uma ditadura militar, uma ditadura de direita, com os militares à frente, consolidara, a partir de 1964, a relação de dependência e sociedade entre as elites nacionais e o capital internacional. O retorno do país à normalidade democrática, no entanto, coincidiu com o avanço do neoliberalismo que fez uso das mesmas elites para continuar sua política de domínio econômico. Esse processo continua, ainda hoje, nas mais diversas frentes, das mais diversas formas: um banco estrangeiro fincado em uma de nossas calçadas, uma lanchonete com sotaque naquela outra esquina, um programa de computador produzido no exterior, uma guerra mal-explicada do outro lado do mundo... Armas variadas, de sedução pessoal ou destruição em massa, vão, pouco a pouco, minando nossa economia, corrompendo nossa vontade política e gerando uma relação de dependência que, por sua vez, reinicia o círculo vicioso que acabará por nos transformar em mais uma província de um império qualquer se não formos capazes de reagir e de reconstruir a soberania do país. Tal feito, porém, só pode ser alcançado com educação. A história mostra que só os países que investiram pesadamente na formação de cérebros e cidadãos puderam construir sociedades economicamente fortes e capazes de defender da cobiça internacional os interesses do conjunto de sua sociedade. Somente a partir do século XVII, quando a educação pública começou a ser massificada na Inglaterra é que o país se fortificou a ponto de construir um império que tomou 20% do planeta Terra para si. A França só foi capaz de se lançar em uma aventura política e militar que contrabalançasse o poderio britânico depois que a revolução levou educação laica para todo o povo. O Japão do século XIX, saiu da Idade Média à Era Moderna em pouco mais de 50 anos, graças a pesados investimentos em educação. O mesmo fez os Estados Unidos, quando concluiu a implantação de um sistema educacional que se tornou modelo mundial ao erradicar o analfabetismo. Não queremos construir impérios, mas também não queremos ser reduzidos a uma exótica, longínqua, carnavalesca e chucra província. Por isso lutamos por educação pública, gratuita e de qualidade para todos, de todas as idades, em todas as etapas do aprendizado. Somente com um povo educado é que seremos capazes de reverter o processo de colonização do Brasil, que, antes da economia, toma nosso conhecimento. Saber é poder. Esse é o verdadeiro objetivo da 4ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, que ocorrerá de 7 a 11 de abril. Queremos que ela seja, ainda que simbolicamente, o primeiro passo para uma nova e verdadeira redemocratização, quando todo o nosso povo terá educação pública e gratuita de qualidade e portanto será capaz de construir um novo Brasil. Rico, soberano, justo e com oportunidades e espaço para todos.