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09/09/2020 Undime

Aulas presenciais: 89% das redes escolares municipais não têm previsão de retorno

Pesquisa da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação mostra que 60% das redes ainda não iniciaram seus protocolos de volta às salas de aula

Uma pesquisa feita pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) com 4.272 redes mostra que 89% delas não têm previsão de retorno às aulas presenciais. O número de municípios ouvidos na pesquisa representa 77% das redes municipais do país com abrangência de 16,2 milhões de alunos.

O levantamento foi feito por meio de um questionário on-line entre os dias 7 e 18 de agosto e revela ainda que 60% das redes ainda não iniciaram seus protocolos de retorno às aulas. Parte delas alega que vai seguir o protocolo proposto pelo estado. Somente 266 redes de todas as analisadas estão com essas diretrizes concluídas.

A pesquisa indica que os municípios menores estão tendo mais dificuldade em elaborar os protocolos para volta às aulas. Enquanto 70% das redes de municípios de até 10 mil habitantes ainda não construíram esses documentos, o cenário é o oposto naquelas cidades com mais de 100 mil habitantes, nas quais 76% já iniciaram ou concluíram o protocolo.

Quando questionadas sobre o que irão considerar nos protocolos próprios, a maior parte das redes respondeu que aspectos sanitários serão os principais pontos abordados, seguidos de questões de saúde, aspectos pedagógicos, a segurança da comunidade escolar e, por fim, questões orçamentárias.

De acordo com o presidente da Undime, Luiz Miguel Garcia, apesar do alto número de redes sem previsão de retorno, ainda não é possível cravar que as aulas na maioria das cidades só voltarão no ano que vem.

— Quando tem uma rede estadual voltando muitas ações são desenvolvidas conjuntamente e, dando certo, pode haver um impulso no número de redes municipais que em parceria possam antecipar seu processo. Então isso pode ser acelerado e de repente termos mais da metade voltando de alguma forma— explica. — Temos regiões do país com temor do retorno da doença, sobretudo no interior. Além disso, estamos em pleno processo eleitoral nos municípios e qualquer medida pode gerar instabilidade muito grande. Os municípios precisam aguardar ter mais segurança. Não vamos colocar em risco a vida das crianças e das famílias dos funcionários.

Vacinação e volta às aulas

Diante desse cenário, a Undime encaminhou um pedido ao Ministério da Educação (MEC) para que inclua estudantes e profissionais da educação entre o público prioritário para receber a vacina contra a covid-19. Segundo Garcia, a medida ajudará a garantir um retorno mais seguro, quando a imunização estiver disponível.

Os secretários reclamam ainda da falta de recursos para conduzir a volta às atividades presenciais.

— Não tivemos um processo de financiamento, tivemos um recurso muito pequeno do Ministério da Saúde. No caso do recurso geral repassado aos municípios, como não tem o carimbo para a educação, há uma dificuldade em repassá-lo — disse Garcia. — A Undime tem integrado essa ação (de construção de protocolos), feito esse diálogo e dado voz a essas demandas. A ação poderia ser mais articulada com participação mais efetiva do MEC.

O estudo foi feito em parceira com o Itaú Social e com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pesquisou também quais são as opções utilizadas pelas redes de ensino para oferecer educação para os estudantes durante a pandemia.

De acordo com a pesquisa, 96% das redes analisadas estão oferecendo ensino remoto para os alunos. Apenas 158 redes não estão oferecendo atividades não presenciais.

Segundo a pesquisa, a principal estratégia utilizada pelas redes é a disponibilização de materiais impressos. Cerca de 95% utiliza essa ferramenta como uma das maneiras de fornecer conteúdo à distância para os estudantes. A segunda forma mais adotada pelos municípios para fornecer conteúdo aos estudantes é a disponibilização de videoaulas gravadas, utilizadas por 80% das redes.

"Isso mostra como as redes tem se adaptado aos desafios de conectividade das famílias", diz a pesquisa.

O levantamento indica ainda que 460 redes utilizam apenas estratégias offline para fornecer ensino remoto. Já 219 delas usam somente ferramentas on-line.

Fonte: O Globo/ Foto: Raphael Alves, Agência O Globo

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