02/02/2003 Undime
Homossexualidade na escola”. Essa é mais uma bandeira de luta contra a discriminação de minorias que a Associação de Gays, Lésbicas e Travestis do Amazonas (AGLT) pretende implantar até março no Estado, em parceria com as secretarias municipal e estadual de Educação, Seduc e Semed.
Segundo o presidente da Associação, Adamor Guedes, o projeto que foi esboçado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação tem o objetivo de preparar melhor as escolas para lidar com o tema.
Considerado um dos principais líderes da região do Norte em defesa dos homossexuais e outras minorias atingidas pelo preconceito social, Guedes explica que a idéia do projeto é a de ampliar a visão de uma das instituições onde a discriminação contra homossexuais ainda está enraizada: a escola.
“As direções das escolas não estão preparadas para lidar com o tema”, garante, ao recordar um episódio polêmico ocorrido em 2001 quando dois rapazes adolescentes foram expulsos de um colégio porque estavam de braços dados. “Foram expulsos da escola por discriminação dos alunos, professores e diretores”, recorda, ao deixar claro que a discriminação ainda tem que ser vencida nas três instituições: família, escola e trabalho.
O projeto, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, deverá ser posto em prática por meio das coordenações municipais e estaduais de combate à aids. Em março, serão dados os primeiros passos para negociá-lo junto às duas secretarias.
Os milhares de folhetos a serem distribuídos falam da “injustiça do preconceito e da discriminação” e respondem a perguntas sobre as piadas em sala de aula, como proceder com aluno que parece homossexual, quem pode pegar aids; quem deve fazer o teste de aids e como o professor deve esclarecer suas dúvidas, antes de esclcarecer as da classe.
Desde que se entende por gente, Adamor Guedes, 37, luta pelo respeito à sua identidade e ao seu caráter, luta por respeito, pelo outros e pelo espaço a que todos têm direito. Apesar de possuir hoje um posição mais privilegiada – é reconhecido por autoridades do estado na luta em defesa dos direitos dos homosexuais, lésbicas, travestis e prostitutas, o que lhe garantiu fazer parte como membro do Conselho dos Diretos Humanos do Estado –, ele entende que a discriminação contra os homossexuais ainda é muito latente e permanente e que ela independe da condição social de cada um. “O que acontece é que o homossexual da classe média é tolerado”, garante.
Para Guedes, esse é hoje o único grau de “respeito” a que o homossexual pode ascender, e, para chegar até este espaço, ele terá que batalhar por um status melhor, ou um poder aquisitivo mais decente.
“Se um homossexual é da periferia e pobre, é discriminado totalmente, mas se tiver um poder aquisitivo maior, ou um cargo elevado, ele é tolerado pelas pessoas; ele é menos incômodo para elas”, reafirma, citando um exemplo dessa sua experiência: “Eu tenho uma amiga, considerada rica, que um dia deu uma festa na casa dela e convidou um colunista social famoso. Quando estávamos na piscina da casa, outra amiga a chamou para um canto e perguntou porque havia convidado ‘aquela bicha doida’, referindo-se ao colunista. Sem vacilar, ela respndeu que a festa precisava sair na coluna social e no programa que o colunista possuía. Quer dizer, se esse colunista não tivesse isso, jamais teria sido convidado, ou melhor, foi tolerado”.
Adamor se diz tolerado também. Por possuir um cargo junto ao Governo do Estado, não está imune às caras e bocas. Quando precisa resolver algo nas repartições, diz que é atendido primeiro para que vá embora logo. “Isso acontece porque eu lido muito com a polícia, já que faço parte de conselho dos Direitos Humanos onde temos um poder de polícia para polícia”, diz ao explicar que é logo atendido pelo cargo e por ser uma pessoa exigente em seus compromissos: “Quando precisamos de alguma coisa de delegado, comissário, eles têm um prazo para nos responder, porque senão podemos entrar com processo administrativo contra eles, por isso me toleram, ou melhor, não gostam de mim, mas são obrigados a me engolir”, conta lembrando uma frase do técnico de futebol Zagallo quando rejeitado como tecnico da seleção.
Trocar a palavra tolerar por aceitar. Essa é a meta, segundo Guedes. “Queremos ser respeitados pela pessoa que somos, pelo profissional, pelo caráter e não pela quantidade de dinheiro ou visibilidade que se possa dar a alguém”, ensina Guedes, ao deixar claro que nunca escondeu sobre sua orientação sexual. “Eu sempre assumi a minha homossexualidade”, diz para completar que, por outro lado, também sempre soube de seus limites para não ferir os direitos dos outros.
E é assim que hoje consegue ser respeitado por seus colegas do Conselho, um grupo formado por juízes, promotores, delegado federal pessoas de igreja e coronel. Alguns até conservadores mas que não duvidaram em o eleger para o cargo de secretário executivo da entidade. Guedes se orgulha de poder ser o primeiro homossexual declarado do país a assumir um cargo de importância dentro do governo.
Esse é o seu maior triunfo quando se trata de vencer as barreiras do preconceito. Foi graças a essa personalidade que nunca se deixou abater. “Eu nunca me deixei discriminar porque se alguém viesse com esse tipo de coisa eu revidava, nunca fui e não sou de levar desaforo para casa, nem de meu pai e de minha, mãe”, dispara, ao garantir que também nunca se sentiu diferente. “Nunca senti na necessidade de procurar uma instituição de defesa dos homossexuais para reivindicar meus direitos, porque eu mesmo ia lá e buscava”, fala em tom de alerta, mas ao memso tempo esclarecendo que foi por não ter visto essa visão nos milhares de companheiros discriminados que resolveu fundar a AAGLT. “Andei pelo Brasil quase todo, e vivi no exterior, vi respeito à homossexualidade, ou então mecanismos que os levavam a denunciar a discrimnação, e foi, ao voltar em 1991 para Manaus, e ver que muitos desses colegas viviam oprimidos porque não tinham a minha visão, que resolvi criar a AAGLT”.
Homossexualidade na escola”. Essa é mais uma bandeira de luta contra a discriminação de minorias que a Associação de Gays, Lésbicas e Travestis do Amazonas (AGLT) pretende implantar até março no Estado, em parceria com as secretarias municipal e estadual de Educação, Seduc e Semed.Segundo o presidente da Associação, Adamor Guedes, o projeto que foi esboçado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação tem o objetivo de preparar melhor as escolas para lidar com o tema.Considerado um dos principais líderes da região do Norte em defesa dos homossexuais e outras minorias atingidas pelo preconceito social, Guedes explica que a idéia do projeto é a de ampliar a visão de uma das instituições onde a discriminação contra homossexuais ainda está enraizada: a escola. “As direções das escolas não estão preparadas para lidar com o tema”, garante, ao recordar um episódio polêmico ocorrido em 2001 quando dois rapazes adolescentes foram expulsos de um colégio porque estavam de braços dados. “Foram expulsos da escola por discriminação dos alunos, professores e diretores”, recorda, ao deixar claro que a discriminação ainda tem que ser vencida nas três instituições: família, escola e trabalho.O projeto, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, deverá ser posto em prática por meio das coordenações municipais e estaduais de combate à aids. Em março, serão dados os primeiros passos para negociá-lo junto às duas secretarias. Os milhares de folhetos a serem distribuídos falam da “injustiça do preconceito e da discriminação” e respondem a perguntas sobre as piadas em sala de aula, como proceder com aluno que parece homossexual, quem pode pegar aids; quem deve fazer o teste de aids e como o professor deve esclarecer suas dúvidas, antes de esclcarecer as da classe.Desde que se entende por gente, Adamor Guedes, 37, luta pelo respeito à sua identidade e ao seu caráter, luta por respeito, pelo outros e pelo espaço a que todos têm direito. Apesar de possuir hoje um posição mais privilegiada – é reconhecido por autoridades do estado na luta em defesa dos direitos dos homosexuais, lésbicas, travestis e prostitutas, o que lhe garantiu fazer parte como membro do Conselho dos Diretos Humanos do Estado –, ele entende que a discriminação contra os homossexuais ainda é muito latente e permanente e que ela independe da condição social de cada um. “O que acontece é que o homossexual da classe média é tolerado”, garante.Para Guedes, esse é hoje o único grau de “respeito” a que o homossexual pode ascender, e, para chegar até este espaço, ele terá que batalhar por um status melhor, ou um poder aquisitivo mais decente.“Se um homossexual é da periferia e pobre, é discriminado totalmente, mas se tiver um poder aquisitivo maior, ou um cargo elevado, ele é tolerado pelas pessoas; ele é menos incômodo para elas”, reafirma, citando um exemplo dessa sua experiência: “Eu tenho uma amiga, considerada rica, que um dia deu uma festa na casa dela e convidou um colunista social famoso. Quando estávamos na piscina da casa, outra amiga a chamou para um canto e perguntou porque havia convidado ‘aquela bicha doida’, referindo-se ao colunista. Sem vacilar, ela respndeu que a festa precisava sair na coluna social e no programa que o colunista possuía. Quer dizer, se esse colunista não tivesse isso, jamais teria sido convidado, ou melhor, foi tolerado”.Adamor se diz tolerado também. Por possuir um cargo junto ao Governo do Estado, não está imune às caras e bocas. Quando precisa resolver algo nas repartições, diz que é atendido primeiro para que vá embora logo. “Isso acontece porque eu lido muito com a polícia, já que faço parte de conselho dos Direitos Humanos onde temos um poder de polícia para polícia”, diz ao explicar que é logo atendido pelo cargo e por ser uma pessoa exigente em seus compromissos: “Quando precisamos de alguma coisa de delegado, comissário, eles têm um prazo para nos responder, porque senão podemos entrar com processo administrativo contra eles, por isso me toleram, ou melhor, não gostam de mim, mas são obrigados a me engolir”, conta lembrando uma frase do técnico de futebol Zagallo quando rejeitado como tecnico da seleção. Trocar a palavra tolerar por aceitar. Essa é a meta, segundo Guedes. “Queremos ser respeitados pela pessoa que somos, pelo profissional, pelo caráter e não pela quantidade de dinheiro ou visibilidade que se possa dar a alguém”, ensina Guedes, ao deixar claro que nunca escondeu sobre sua orientação sexual. “Eu sempre assumi a minha homossexualidade”, diz para completar que, por outro lado, também sempre soube de seus limites para não ferir os direitos dos outros.E é assim que hoje consegue ser respeitado por seus colegas do Conselho, um grupo formado por juízes, promotores, delegado federal pessoas de igreja e coronel. Alguns até conservadores mas que não duvidaram em o eleger para o cargo de secretário executivo da entidade. Guedes se orgulha de poder ser o primeiro homossexual declarado do país a assumir um cargo de importância dentro do governo.Esse é o seu maior triunfo quando se trata de vencer as barreiras do preconceito. Foi graças a essa personalidade que nunca se deixou abater. “Eu nunca me deixei discriminar porque se alguém viesse com esse tipo de coisa eu revidava, nunca fui e não sou de levar desaforo para casa, nem de meu pai e de minha, mãe”, dispara, ao garantir que também nunca se sentiu diferente. “Nunca senti na necessidade de procurar uma instituição de defesa dos homossexuais para reivindicar meus direitos, porque eu mesmo ia lá e buscava”, fala em tom de alerta, mas ao memso tempo esclarecendo que foi por não ter visto essa visão nos milhares de companheiros discriminados que resolveu fundar a AAGLT. “Andei pelo Brasil quase todo, e vivi no exterior, vi respeito à homossexualidade, ou então mecanismos que os levavam a denunciar a discrimnação, e foi, ao voltar em 1991 para Manaus, e ver que muitos desses colegas viviam oprimidos porque não tinham a minha visão, que resolvi criar a AAGLT”.