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27/12/2002 Undime

Piauí: novo secretário de educação fala sobre seus projetos



Em meio a reuniões da equipe de transição e enquanto proferia instruções para tentar evitar a convocação de 1,5 mil professores classificáveis do último concurso para a Secretaria de Educação, o secretário de Educação do novo Governo do Estado, Antônio José Medeiros, fala sobre como anda a Educação no Piauí e quais os planos para os próximos anos no setor. Entre as metas da secretaria, ele comenta, está o trabalho em conjunto com o Governo Federal para a erradicação do analfabetismo, dentro do Programa Fome Zero, além de um programa de valorização do professor, que inclui o aumento de salários.

Licenciado em Filosofia, Antônio José Medeiros tem uma trajetória na Educação que remonta mais de trinta anos. Formado em uma época que o Piauí ainda não contava com um curso de Pedagogia, Antônio José teve como primeiro projeto o mestrado em Planejamento Educacional. No ano em que terminou o curso, 1971, foi treinador no implantação da reforma do ensino de 1º e 2º graus do Estado. Entre 1978 e 1879, trabalhou como coordenador do Setor de Educação do Pólo Nordeste, junto à Secretaria de Planejamento e, em 1980, foi assessor de Planejamento da Secretaria de Educação, tendo como secretário de Educação, o colega professor da Universidade Federal do Piauí, Luiz Pires. Depois desse período, Antônio José Medeiros ministrou cursos para implantação de secretarias municipais de educação, exercendo em 2001 a função de assessor da Secretaria Municipal de Educação em José de Freitas, município distante 48 quilômetros de Teresina.

Agora, o planejador e um dos fundadores em nível nacional e estadual do Partido dos Trabalhadores chega ao secretariado, defendendo que os técnicos cuidem do planejamento e os professores da sala de aula. A valorização do professor é uma das bandeiras levantadas, assim como o estreitamento de relações com os alunos e com suas necessidades.


Jornal Meio Norte- Pouco depois da eleição, os servidores da Educação estadual se reuniram em um seminário, com o tema “A Educação que temos e a Educação que queremos”. O senhor já tem o documento resultante em mãos? O que será levado em conta?


Antônio José - Numa reunião com o Sinte (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), eles me apresentaram o relatório oral, mas não me entregaram ainda o documento. Mas são idéias que, de um modo geral, coincidem com as nossas como gestão democrática, reestruturação das delegacias regionais, valorização do magistério, qualidade de ensino. Entre as propostas está a extinção das coordenações administrativas em Teresina, a implantação do salário-mínimo em segundo turno para os professores de 40 horas, qualificação dos docentes, simplificação dos processos de aposentadoria, entre outros.


J.M.N - Com a equipe de transição, o senhor já deve ter um diagnóstico da educação no Estado. Qual a sua análise da Educação no Piauí hoje?

Antônio José - O problema da Educação no Piauí, hoje, é sobretudo a motivação dos professores e alunos para a melhoria da qualidade do ensino. Praticamente todas as crianças de 7 a 14 anos estão na escola e o ensino médio vem crescendo em ritmo acelerado, cerca de 20% e 30% ao ano. O que nós precisamos fazer melhor é a qualificação dos professores e a valorização, que implica na melhoria dos seus salários.


J.M.N. - O que o senhor pretende modificar na estrutura e nos projetos da Secretaria de Educação?

Antônio José - A estrutura administrativa será simplificada, vamos fazer a descentralização para as delegacias regionais. A secretaria pretende criar condições para que o pessoal técnico cuide da parte administrativa, para que o professor possa se dedicar à sala de aula.


J.M.N. - Quais são as suas metas para daqui até o final desses quatro anos?

Antônio José - A secretaria vai rediscutir o Plano de Educação, com mais participação popular. Na redefinição do Plano serão definidas metas de acordo com a orientação do próprio plano e do governador Wellington Dias para o primeiro ano depois para os outros anos. Essas metas, claro, serão revistas depois e melhor quantificadas. Desde já, uma das nossas diretrizes é municipalização gradativa do ensino fundamental. A Secretaria de Educação vai ficar responsável pelo ensino médio e educação de jovens e adultos, além da educação especial e profissional. No campo da educação especial, vamos trabalhar em conjunto com o órgão de apoio aos deficientes, que vai ser comandado pela primeira-dama. Na educação de jovens e adultos, teremos uma campanha de alfabetização articulada com o Programa Fome Zero. Esse programa do Governo Lula tem quatro componentes principais: alimentação, abastecimento d’água, melhoria habitacional e combate ao analfabetismo, onde a gente entra com a alfabetização de adultos.


J.M.N. - Como vai ficar a situação dos professores bolsistas?

Antônio José - Eu e o Nazareno (Fonteles, secretário de Saúde do novo Governo), que representamos os maiores contigentes de pessoas trabalhando, estamos indo conversar com a Procuradora Regional do Trabalho para definirmos algumas dessas questões. Nossa intenção é acabar com essa história de bolsistas na Educação e fazer concurso. Enquanto isso não acontece, temos alguns passos. Depois do dia primeiro de janeiro, e depois das matrículas, vamos fazer um levantamento de quanto professores são necessários e onde. O primeiro passo vai ser verificar a quantidade de professores efetivos; o segundo, fazer remanejamento de uma escola para outras, mas não entre municípios; terceiro, chamar os concursados ainda por chamar; e quarto, a contratação de professores formados, em regime de prestação de serviço, para ocupar as vagas que ainda estiverem em aberto.


J.M.N. - Quantas vagas serão abertas através de concurso?

Antônio José - temos 6.189 vagas previstas para 2003. Mas não podemos aceitar que o atual governo chame os classificáveis do último concurso, até porque o Estado não tem obrigação que contratar esses candidatos, já que as vagas abertas estão quase preenchidas. Dos 1,5 mil classificáveis que o atual governo quer chamar, 1,2 mil são de Teresina, onde não precisamos de professores e mais de 1 mil só têm o Pedagógico, em nível de 2ª grau, quando precisamos de professores de nível superior formados em áreas como Física, Inglês, Biologia, entre outras, para dar aula no interior. Por isso, nós insistimos que chamar hoje os classificáveis é precipitado. É preciso fazer um levantamento para ver onde precisamos de professores. E tem outro agravante, chamar professores em janeiro para quê? Eles vão ser pagos sem que estejam em sala de aula.


J.M.N. - Quais os planos para a Uespi (Universidade Estadual do Piauí)?

Antônio José - A Uespi é um órgão vinculado à Secretaria de Educação, mas que tem autonomia. Portanto, tudo relacionado à Uespi está sendo planejado pela nova reitora Oneide Rocha.


J.M.N. - E quanto ao Instituto de Educação, está definido se será mesmo um Instituto de Educação Superior voltado para o Magistério?

Antônio José - Não. Esta discussão ainda está em aberto. Está definido apenas que o Instituto não poderá mais oferecer magistério no nível médio. A discussão agora é que alguns querem que se transforme em um curso Normal Superior, uma função que a Uespi desempenha hoje. Outros, defendem que seja uma Centro de Treinamento que possa oferecer educação superior aos professores em exercício e cursos de capacitação nas diversas áreas, como professores alfabetizadores, educação especial. Enfim, uma escola voltada para a Secretaria de Educação.


J.M.N. - A Secretaria já tem definido um programa de valorização do professor?

Antônio José - A valorização do professor passa pela melhoria salarial, envolvendo também a qualificação em nível de pós-graduação. Embora seja a formação no ensino superior a prioridade, onde vamos aplicar a maior parte dos recursos, vamos destinar também uma cota para pós-graduação dos professores. Temos um projeto, chamado Comunidade Escola, onde o professor será incentivado a passar mais tempo na escola. Vamos trabalhar para que cada professor trabalhe em duas escolas, ou três, no máximo, para que ele possa se integrar mais à escola, fazendo parte da comunidade, se envolvendo mais. Tanto eu, como os meus coordenadores da Secretaria iremos viver nas escolar, ouvindo não só os diretores, mas também professores, funcionários e alunos. Sou um secretário que gosta muito da Educação e sei que os professores também a amam, só precisamos tirar um pouco dos espinhos, para que esse amor desabroche.


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