08/03/2004 Undime
A diversidade social, cultural, racial e política do Brasil, presente também no esporte, integra o patrimônio físico e simbólico desta área que, na atual conjuntura, tem a presença dos comunistas em sua direção. Pela primeira vez na nossa história será possível pôr em prática, uma política de democratização do acesso ao esporte, negligenciada e negada ao povo por governos conservadores e liberais.
No interior da escola, o esporte é mecanismo de integração, cultura e educação. Além disso, pode ser fator de conhecimento. Coerente com as atuais circunstâncias da vida brasileira, as intenções políticas e os desafios dos partidos aliados estão postos. Buscar o êxito do governo Lula na consecução de um projeto democrático e nacional-desenvolvimentista requer um esforço de compreensão prático-teórica que possa atingir os objetivos propostos.
Entre outros mecanismos pedagógicos, o esporte é um poderoso canal de comunicação e conhecimento. Hoje, a educação física no Brasil, como área profissional e acadêmica, conta com mais de trezentos cursos superiores de formação, uma dezena de cursos de pós-graduação e uma massa crítica de produções disponíveis.
Inúmeras atividades esportivas e diferentes segmentos ativos vinculados direta e indiretamente à prática do esporte e lazer, compõem as referidas contribuições, destacando-se o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, como instituição de vanguarda na área. No campo profissional, temos um conjunto de associações e sindicatos de professores, nos quais os professores de Educação Física se inserem.
São eles que divulgam, patrocinam e transmitem a cultura esportiva para crianças e adolescentes. Este texto visa mapear os principais pontos relativos à concepção, método e projeto do Esporte Escolar como um "novo tempo" para o governo Lula, para o Ministério do Esporte e para a sociedade brasileira.Em primeiro lugar é necessário resgatar a herança histórica que vincula o povo ao mundo do esporte por meio do estranhamento do "espetáculo esportivo".
A seletividade piramidal presente na base do esporte na escola elege o "talento esportivo" e exclui amplas massas de estudantes, tornando-as espectadoras (torcida) dos eventos, jogos, campeonatos, torneios, etc. Em segundo lugar, duas questões são fundamentais nessa lógica, o individualismo e a competitividade. Destacam-se três "instituições" formadoras da cultura corporal do brasileiro, a instituição militar, a médica e a esportiva.
O processo de re-democratização da década de 1980 oxigenou tal formação trazendo uma concepção de esporte mais diversificada. Questões como educação inclusiva, participação, autonomia, democratização e mudança foram centrais no debate. Na atualidade convivemos com concepções herdadas da fase anterior aos anos oitenta bem como concepções gestadas a partir de meados desta mesma década e início dos anos 1990. O Esporte Escolar como aquele que se diferencia da educação física na escola pode e deve se pautar por uma concepção unitária de educação, tarefa que impõe um novo método e um novo projeto para essa área.
Desdobram-se aqui, aqueles necessários à atual conjuntura e outros possíveis no médio e longo prazo, que poderão configurar-se numa concepção unitária de esporte. Assim, um plano estratégico para o Esporte Escolar se desenha hoje, a partir da proposta de re-qualificação de professores e estudantes de educação física.
Conduzida pela Secretaria Nacional de Esporte Educacional do Ministério do Esporte essa proposta observa como os métodos e concepções de ensino estão difusos e desatualizados pelos professores, muitos dos quais não mantêm relação entre seu trabalho diário e a perspectiva de estudo. A partir de tais constatações advoga a necessidade de remuneração justa e jornada de trabalho adequada e compatível com a realidade. O curso tem, na proposta inicial, uma meta de 360 horas de integralização e a certificação em nível de pós-graduação - especialização lato-sensu.
Os elementos centrais de um programa de Esporte Escolar na perspectiva acima deveria considerar, fora a questão da formação continuada/capacitação/re-qualificação dos professores, as seguintes dimensões: 1- Iniciação Esportiva; 2- Prática Esportiva Diversificada; 3- Treinamento Esportivo; 4- Conhecimento do Esporte; 5- Criação e Crítica ao Esporte. Resta afirmar que o debate iniciado apresenta tensões permanentes entre os significados do esporte, sua especificidade educacional e as diferentes compreensões de seu papel na sociedade.
*Este texto foi objeto de debate na Comissão de Especialistas de Educação Física do Programa Segundo Tempo no mês de junho de 2003.
**Renato Sampaio Sadi é professor da Universidade Federal de Goiás e Coordenador de Esporte Escolar da Secretaria Nacional de Esporte Educacional do Ministério do Esporte.
A diversidade social, cultural, racial e política do Brasil, presente também no esporte, integra o patrimônio físico e simbólico desta área que, na atual conjuntura, tem a presença dos comunistas em sua direção. Pela primeira vez na nossa história será possível pôr em prática, uma política de democratização do acesso ao esporte, negligenciada e negada ao povo por governos conservadores e liberais. No interior da escola, o esporte é mecanismo de integração, cultura e educação. Além disso, pode ser fator de conhecimento. Coerente com as atuais circunstâncias da vida brasileira, as intenções políticas e os desafios dos partidos aliados estão postos. Buscar o êxito do governo Lula na consecução de um projeto democrático e nacional-desenvolvimentista requer um esforço de compreensão prático-teórica que possa atingir os objetivos propostos. Entre outros mecanismos pedagógicos, o esporte é um poderoso canal de comunicação e conhecimento. Hoje, a educação física no Brasil, como área profissional e acadêmica, conta com mais de trezentos cursos superiores de formação, uma dezena de cursos de pós-graduação e uma massa crítica de produções disponíveis. Inúmeras atividades esportivas e diferentes segmentos ativos vinculados direta e indiretamente à prática do esporte e lazer, compõem as referidas contribuições, destacando-se o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, como instituição de vanguarda na área. No campo profissional, temos um conjunto de associações e sindicatos de professores, nos quais os professores de Educação Física se inserem. São eles que divulgam, patrocinam e transmitem a cultura esportiva para crianças e adolescentes. Este texto visa mapear os principais pontos relativos à concepção, método e projeto do Esporte Escolar como um "novo tempo" para o governo Lula, para o Ministério do Esporte e para a sociedade brasileira.Em primeiro lugar é necessário resgatar a herança histórica que vincula o povo ao mundo do esporte por meio do estranhamento do "espetáculo esportivo". A seletividade piramidal presente na base do esporte na escola elege o "talento esportivo" e exclui amplas massas de estudantes, tornando-as espectadoras (torcida) dos eventos, jogos, campeonatos, torneios, etc. Em segundo lugar, duas questões são fundamentais nessa lógica, o individualismo e a competitividade. Destacam-se três "instituições" formadoras da cultura corporal do brasileiro, a instituição militar, a médica e a esportiva. O processo de re-democratização da década de 1980 oxigenou tal formação trazendo uma concepção de esporte mais diversificada. Questões como educação inclusiva, participação, autonomia, democratização e mudança foram centrais no debate. Na atualidade convivemos com concepções herdadas da fase anterior aos anos oitenta bem como concepções gestadas a partir de meados desta mesma década e início dos anos 1990. O Esporte Escolar como aquele que se diferencia da educação física na escola pode e deve se pautar por uma concepção unitária de educação, tarefa que impõe um novo método e um novo projeto para essa área. Desdobram-se aqui, aqueles necessários à atual conjuntura e outros possíveis no médio e longo prazo, que poderão configurar-se numa concepção unitária de esporte. Assim, um plano estratégico para o Esporte Escolar se desenha hoje, a partir da proposta de re-qualificação de professores e estudantes de educação física. Conduzida pela Secretaria Nacional de Esporte Educacional do Ministério do Esporte essa proposta observa como os métodos e concepções de ensino estão difusos e desatualizados pelos professores, muitos dos quais não mantêm relação entre seu trabalho diário e a perspectiva de estudo. A partir de tais constatações advoga a necessidade de remuneração justa e jornada de trabalho adequada e compatível com a realidade. O curso tem, na proposta inicial, uma meta de 360 horas de integralização e a certificação em nível de pós-graduação - especialização lato-sensu. Os elementos centrais de um programa de Esporte Escolar na perspectiva acima deveria considerar, fora a questão da formação continuada/capacitação/re-qualificação dos professores, as seguintes dimensões: 1- Iniciação Esportiva; 2- Prática Esportiva Diversificada; 3- Treinamento Esportivo; 4- Conhecimento do Esporte; 5- Criação e Crítica ao Esporte. Resta afirmar que o debate iniciado apresenta tensões permanentes entre os significados do esporte, sua especificidade educacional e as diferentes compreensões de seu papel na sociedade.*Este texto foi objeto de debate na Comissão de Especialistas de Educação Física do Programa Segundo Tempo no mês de junho de 2003. **Renato Sampaio Sadi é professor da Universidade Federal de Goiás e Coordenador de Esporte Escolar da Secretaria Nacional de Esporte Educacional do Ministério do Esporte.