10/04/2003 Undime
O idealismo dos mestres não tem relação com a pouca idade e o entusiasmo comum da juventude. Pelo contrário. Em média, os regentes das classes mineiras têm 13 anos de experiência no trabalho. Pelo menos 44,2% estão na faixa etária de 40 a 59 anos e 43,7% têm entre 25 e 39 anos. Entre 18 e 24 anos estão apenas 5% dos professores. Cerca de 70% deles têm filhos e apenas um quarto é solteiro. Comparado com os outros nove estados que compuseram a mostra da CNTE, o corpo docente mineiro também se destaca pela sua formação: 87,4% deles têm a habilitação mínima exigida para o cargo e 70,4% cursaram o ensino superior. A metade desse número ainda fez pós-graduação.
Diretora da Escola Estadual Silviano Brandão, na Lagoinha, região Nororeste de Belo Horizonte, Nilce Faria Campos, de 46 anos, é a professora padrão da pesquisa. Casada, com 11 anos de magistério, formada em letras, cursa o 4º período de serviço social na PUC Minas. A escolha da profissão foi por acaso. Eu trabalhava nos Correios e precisava ter curso superior para ter ascensão na carreira. Escolhi letras porque era o vestibular mais fácil , lembra. Enquanto ainda era estudante, percebeu que muitos carteiros tinham estudado apenas até a 4ª série e não tinham preparo suficiente para se submeter aos exames supletivos para conquistar o diploma de 8ª série. Resolvi montar uma turma e, para meu espanto, descobri minha verdadeira vocação. Sessenta por cento dos alunos da primeira turma foram aprovados no supletivo, resolvi nunca mais parar.
Na EE Silviano Brandão, Nilce e os outros professores foram contagiados por uma firme decisão: resgatar a escola, que costumava freqüentar o noticiário policial em função dos seus casos de extrema violência, e lançá-la entre as escolas-referência mineiras. O trabalho duro custou alguns anos e muitos sacrifícios. Mas abrir nossa escola para a comunidade, fazer da escola um centro de convivência para a população local foi a nossa melhor saída , comemora. Atualmente, é na escola que a comunidade busca cursos profissionalizantes, esclarecimentos sobre saúde e até lazer.
Atualmente, Nilce dedica-se à criação de uma organização não-governamental, o Instituto Pedra Viva, que pretende levar a experiência da Silviano Brandão para outras escolas que convivem com o fantasma da violência. Nenhum professor dá conta de ver adolescentes se engalfinhando sem achar que é da nossa conta. Mas muitas vezes, o professor não tem idéia de por onde começar uma revolução. Na nossa escola, apanhamos muito para descobrir um caminho legal. Temos obrigação de compartir essas descobertas , afirma.
Os dados também revelam o quanto é precária a situação dos professores. Quase metade deles ganha entre R$ 300 e R$ 700 e 25% precisam complementar a renda com outro trabalho, que consome até 15 horas diárias de dedicação. Apenas 67,5% deles têm casa própria, índice menor que estados como Piauí, Mato Grosso, Tocantins, Alagoas, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. Mais de 25% tiveram problemas de saúde no ano de coleta dos dados da pesquisa (2000) e outros 23,1% tiveram que se afastar por licença-médica. Os dados nacionais serão divulgados hoje, às 11h, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em Brasília.
Segundo a presidente da CNTE, Juçara Dutra Vieira, Minas Gerais pode enfrentar problemas de falta de professores nos próximos anos se não forem tomadas medidas para valorizar o magistério e atrair pessoas jovens para a função. O problema é que os professores mineiros já têm, em média, 13 anos de magistério e a aposentadoria acontece aos 25, no caso de mulheres. A faixa etária dos 18 aos 24 anos abrange apenas 5% da categoria. Isso mostra que a adesão à carreira de professor tem sido menor a cada ano , destaca. A Secretaria de Estado da Educação não tem estatística sobre a idade dos professores e não confirma a informação de uma possível crise de falta de mestres.
O levantamento do perfil do professor brasileiro, realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), mostra que o magistério ainda é uma profissão notoriamente feminina. Mas o perfil romanceado da professorinha, solteira, sem compromissos financeiros, romântica e à espera de um bom partido, não combina mais com a profissão, segundo a pesquisa Retratos da Escola 3, que será lançada hoje em Brasília. Os dados do perfil do magistério mineiro, a que o Estado de Minas teve acesso, revelam que as salas de aula são ocupadas por mulheres guerreiras, que dividem o tempo entre os alunos, os filhos e um terceiro emprego e que, não contentes em assumir uma das atividades mais desgastantes da atualidade, ainda arregaçam as mangas para mudar o mundo, fazendo de Minas Gerais o Estado com o maior índice de envolvimento direto de professores com movimentos sociais: 70,7%. O idealismo dos mestres não tem relação com a pouca idade e o entusiasmo comum da juventude. Pelo contrário. Em média, os regentes das classes mineiras têm 13 anos de experiência no trabalho. Pelo menos 44,2% estão na faixa etária de 40 a 59 anos e 43,7% têm entre 25 e 39 anos. Entre 18 e 24 anos estão apenas 5% dos professores. Cerca de 70% deles têm filhos e apenas um quarto é solteiro. Comparado com os outros nove estados que compuseram a mostra da CNTE, o corpo docente mineiro também se destaca pela sua formação: 87,4% deles têm a habilitação mínima exigida para o cargo e 70,4% cursaram o ensino superior. A metade desse número ainda fez pós-graduação. Diretora da Escola Estadual Silviano Brandão, na Lagoinha, região Nororeste de Belo Horizonte, Nilce Faria Campos, de 46 anos, é a professora padrão da pesquisa. Casada, com 11 anos de magistério, formada em letras, cursa o 4º período de serviço social na PUC Minas. A escolha da profissão foi por acaso. Eu trabalhava nos Correios e precisava ter curso superior para ter ascensão na carreira. Escolhi letras porque era o vestibular mais fácil , lembra. Enquanto ainda era estudante, percebeu que muitos carteiros tinham estudado apenas até a 4ª série e não tinham preparo suficiente para se submeter aos exames supletivos para conquistar o diploma de 8ª série. Resolvi montar uma turma e, para meu espanto, descobri minha verdadeira vocação. Sessenta por cento dos alunos da primeira turma foram aprovados no supletivo, resolvi nunca mais parar. Na EE Silviano Brandão, Nilce e os outros professores foram contagiados por uma firme decisão: resgatar a escola, que costumava freqüentar o noticiário policial em função dos seus casos de extrema violência, e lançá-la entre as escolas-referência mineiras. O trabalho duro custou alguns anos e muitos sacrifícios. Mas abrir nossa escola para a comunidade, fazer da escola um centro de convivência para a população local foi a nossa melhor saída , comemora. Atualmente, é na escola que a comunidade busca cursos profissionalizantes, esclarecimentos sobre saúde e até lazer. Atualmente, Nilce dedica-se à criação de uma organização não-governamental, o Instituto Pedra Viva, que pretende levar a experiência da Silviano Brandão para outras escolas que convivem com o fantasma da violência. Nenhum professor dá conta de ver adolescentes se engalfinhando sem achar que é da nossa conta. Mas muitas vezes, o professor não tem idéia de por onde começar uma revolução. Na nossa escola, apanhamos muito para descobrir um caminho legal. Temos obrigação de compartir essas descobertas , afirma. Os dados também revelam o quanto é precária a situação dos professores. Quase metade deles ganha entre R$ 300 e R$ 700 e 25% precisam complementar a renda com outro trabalho, que consome até 15 horas diárias de dedicação. Apenas 67,5% deles têm casa própria, índice menor que estados como Piauí, Mato Grosso, Tocantins, Alagoas, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. Mais de 25% tiveram problemas de saúde no ano de coleta dos dados da pesquisa (2000) e outros 23,1% tiveram que se afastar por licença-médica. Os dados nacionais serão divulgados hoje, às 11h, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em Brasília. Segundo a presidente da CNTE, Juçara Dutra Vieira, Minas Gerais pode enfrentar problemas de falta de professores nos próximos anos se não forem tomadas medidas para valorizar o magistério e atrair pessoas jovens para a função. O problema é que os professores mineiros já têm, em média, 13 anos de magistério e a aposentadoria acontece aos 25, no caso de mulheres. A faixa etária dos 18 aos 24 anos abrange apenas 5% da categoria. Isso mostra que a adesão à carreira de professor tem sido menor a cada ano , destaca. A Secretaria de Estado da Educação não tem estatística sobre a idade dos professores e não confirma a informação de uma possível crise de falta de mestres.