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05/10/2004 Undime

Mais perto do ensino básico universalizado

O capítulo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2003) dedicado à educação confirma tendências e reforça desafios. Já beira a universalidade o total de crianças de 7 a 14 anos, não apenas matriculadas, mas freqüentando as escolas. O IBGE divulgou ontem que, entre 1992 e 2003 despencou de 13,4% para 2,8% a proporção de estudantes do ensino fundamental que não compareciam às aulas — em 2002, a taxa ficara em 3,1%.

"O Brasil está alcançando a universalização do ensino básico. Este é um indicador que a toda a sociedade deve comemorar, porque a educação tornou-se um ativo de valor para as famílias brasileiras" comenta Marcelo Paixão, do Instituto de Economia da UFRJ.

Pesquisa investigou ida à escola no fim do ano letivo

Paixão sublinha a importância desta informação no momento em que o país debate o controle pelo governo da presença das crianças na escola como contrapartida de programas sociais, como o Bolsa Escola ou o Bolsa Família. O IBGE, diz o economista, investiga a freqüência escolar. E o resultado da Pnad sugere que as crianças estão, sim, indo à escola. "Outro ponto é que a Pnad é feita em outubro. Ou seja, trata da freqüência no fim, não no início do ano letivo" completa Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV.

Jeane Maria da Silva, de 34 anos, cursou até a quinta série do ensino fundamental e já trabalhou como doméstica e acompanhante de idosos. O último emprego foi há seis. Hoje, depende do salário de pedreiro do marido. Ela acha que a dificuldade para arrumar trabalho deve-se a seu “pouco estudo”. Por isso, não descuida da escola dos filhos: Josilene, de 15 anos, está na 7 série; William, de 16, cursa a 8; Jaqueline, de 10, está na 3. O caçula Antônio, de 7, vai para a escola no próximo ano.

"Faço questão que meus filhos estudem porque, hoje em dia, mesmo quem é profissional tem dificuldade em arranjar emprego" diz. A Pnad-2003 traz bons resultados sobre analfabetismo. A proporção de brasileiros com mais de dez anos que não sabem ler ou escrever caiu de 16,4% para 10,9% em 2002 e 10,6% em 2003. Mas de 10 a 14 anos, está em 3,5%, contra 12,4% há 11 anos. Tem crescido também o percentual de pessoas com onze anos ou mais de estudo. No ano passado, 24,9% dos brasileiros tinham, no mínimo, concluído o ensino médio.

Marcelo Medeiros, do Centro Internacional de Pobreza da ONU, comemora os resultados e lança os desafios. Um deles, a melhora na qualidade da educação. O outro, a universalização do ensino médio. "Falta aumentar a cobertura para além dos 14 anos, ainda muito baixa (17,6% dos adolescentes de 15 a 17 anos não vão à escola). O mundo moderno requer muito mais educação. Daqui a duas décadas, ensino fundamental será pouco. Temos que, desde já, nos preparar para lidar com isso".


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