Em favor do pensamento crítico

Disciplinas atualmente desenvolvidas nos currículos do ensino superior, Sociologia e Filosofia estão prestes a sair da sua relativa obscuridade para o ensino médio, se depender da vontade de sociólogos e especialistas da área. Extirpadas pela ditadura militar em 1964 para “impedir o desenvolvimento de uma sociedade pensante” - do ponto de vista da Federação Nacional dos Sociólogos -, agora ambas podem retornar obrigatoriamente a todos os currículos, caso seja aprovado o Projeto de Lei nº 9/2000, do deputado Padre Roque (PT-PR), vetado em outubro de 2001 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, veto esse que pode ser derrubado no Congresso Nacional.

Com obrigatoriedade ou não, a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e dos parâmetros curriculares do ensino médio, Sociologia e Filosofia já estão presentes nos currículos da rede estadual de ensino no Amazonas, conforme explica a gerente de ensino médio da Secretaria Estadual de Educação e Qualidade de Ensino (Seduc), Ariadne Boh dos Santos. “A própria LDB isenta nossa obrigatoriedade, o que significa que nenhuma rede de ensino é obrigada a ter as duas disciplinas”, afirma.

No entanto, o Amazonas ficou marcado pelo pioneirismo. “No começo implantamos as duas disciplinas e mais Informática. Este ano retiramos apenas Informática e Economia Política do Amazonas da estrutura curricular”, explica a gerente. “Se for obrigado a ter agora e se os professores estão felizes, então os nossos docentes o estão há tempos, pois já as tinham garantidas”, aponta Ariadne.

No currículo da rede estadual do ensino médio, Sociologia é oferecida no segundo ano, e Filosofia, no terceiro.

Ditadura

“A ditadura militar retirou essas disciplinas do currículo porque elas questionavam o sistema e buscavam uma relação humanística na sociedade”, explica o sociólogo Carlos Santiago. Para ele, Sociologia e Filosofia são fundamentais nesse momento em que se busca a redemocratização e uma formação mais ampla do cidadão.

A região amazônica, por sua diversidade, merece ser analisada sob o ponto de vista sociológico. “A Sociologia é uma disciplina que envolve as diversidades culturais, os aspectos geográficos e políticos, e nossa região possui esse caldo de relações sociais diferentes, e a disciplina auxilia na compreensão dessas diferenças”, argumenta Santiago. Em São Paulo, ele exemplifica, já existe uma lei obrigatória nesse sentido, e no Amazonas trata-se de um desafio do governo melhorar o aspecto da qualidade do ensino médio.

“O pensamento sociológico é tão importante para o Brasil que foi ele que influenciou a República, a qual se deu a partir do pensamento positivista de Auguste Comte”, explica o sociólogo. Ele conta que os grandes teóricos da República eram devotos desse pensamento, mas com o tempo ela acabou sendo levada por uma percepção mais crítica, que não foi muito bem aceita pelos governos da ditadura militar.

“Se o homem não entende as relações sociais, não compreende o que é cidadania ou cultura, não fica com educação plena, exercendo seu lado cidadão. E essa disciplina é importante para a formação humanística do jovem”, finaliza Santiago.

Disciplinas atualmente desenvolvidas nos currículos do ensino superior, Sociologia e Filosofia estão prestes a sair da sua relativa obscuridade para o ensino médio, se depender da vontade de sociólogos e especialistas da área. Extirpadas pela ditadura militar em 1964 para “impedir o desenvolvimento de uma sociedade pensante” - do ponto de vista da Federação Nacional dos Sociólogos -, agora ambas podem retornar obrigatoriamente a todos os currículos, caso seja aprovado o Projeto de Lei nº 9/2000, do deputado Padre Roque (PT-PR), vetado em outubro de 2001 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, veto esse que pode ser derrubado no Congresso Nacional. Com obrigatoriedade ou não, a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e dos parâmetros curriculares do ensino médio, Sociologia e Filosofia já estão presentes nos currículos da rede estadual de ensino no Amazonas, conforme explica a gerente de ensino médio da Secretaria Estadual de Educação e Qualidade de Ensino (Seduc), Ariadne Boh dos Santos. “A própria LDB isenta nossa obrigatoriedade, o que significa que nenhuma rede de ensino é obrigada a ter as duas disciplinas”, afirma. No entanto, o Amazonas ficou marcado pelo pioneirismo. “No começo implantamos as duas disciplinas e mais Informática. Este ano retiramos apenas Informática e Economia Política do Amazonas da estrutura curricular”, explica a gerente. “Se for obrigado a ter agora e se os professores estão felizes, então os nossos docentes o estão há tempos, pois já as tinham garantidas”, aponta Ariadne. No currículo da rede estadual do ensino médio, Sociologia é oferecida no segundo ano, e Filosofia, no terceiro. Ditadura “A ditadura militar retirou essas disciplinas do currículo porque elas questionavam o sistema e buscavam uma relação humanística na sociedade”, explica o sociólogo Carlos Santiago. Para ele, Sociologia e Filosofia são fundamentais nesse momento em que se busca a redemocratização e uma formação mais ampla do cidadão. A região amazônica, por sua diversidade, merece ser analisada sob o ponto de vista sociológico. “A Sociologia é uma disciplina que envolve as diversidades culturais, os aspectos geográficos e políticos, e nossa região possui esse caldo de relações sociais diferentes, e a disciplina auxilia na compreensão dessas diferenças”, argumenta Santiago. Em São Paulo, ele exemplifica, já existe uma lei obrigatória nesse sentido, e no Amazonas trata-se de um desafio do governo melhorar o aspecto da qualidade do ensino médio. “O pensamento sociológico é tão importante para o Brasil que foi ele que influenciou a República, a qual se deu a partir do pensamento positivista de Auguste Comte”, explica o sociólogo. Ele conta que os grandes teóricos da República eram devotos desse pensamento, mas com o tempo ela acabou sendo levada por uma percepção mais crítica, que não foi muito bem aceita pelos governos da ditadura militar. “Se o homem não entende as relações sociais, não compreende o que é cidadania ou cultura, não fica com educação plena, exercendo seu lado cidadão. E essa disciplina é importante para a formação humanística do jovem”, finaliza Santiago.