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14/03/2007 Undime

Carta da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down enviada ao jornal O Globo

Carta da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down enviada ao jornal O Globo em resposta ao artigo "Ministério Público quer escrever novela do jornalista Artur Xexeo"

São Paulo, 1º de março de 2007

Carta ao jornalista Artur Xexéo

Como presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down que reúne legitimamente centenas de famílias de filhos e filhas com síndrome de Down de todo o país, manifesto-me contra a forma leviana com que o jornalista Artur Xexéo, em seu artigo “Ministério Público quer escrever novela”, trata o tema síndrome de Down. É a prova de que a novela não foi assim tão bem sucedida em sua abordagem de combate ao preconceito, apesar do esforço de Manoel Carlos, já que nem mesmo Xexéo entendeu o que se passa, confundindo a trama da novela e a questão dos direitos com censura, liberdade de expressão, invertendo e simplificando papéis.

O jornalista nomeia as pessoas com síndrome de Down como “especiais” e, desse modo, na tentativa de supervalorizá-las, demonstra toda a sua dificuldade em lidar com o assunto. Pessoas com síndrome de Down não querem ter mais nem menos valor como seres humanos e cidadãos: necessitam apenas exercer todo e qualquer direito humano e fundamental desde a infância, como estudar em classes comuns das escolas regulares, como prevê a Constituião brasileira. Além disso, o texto de Xexéo demonstra desnecessária deselegância com uma procuradora da República, Eugênia Augusta Fávero, que trabalha arduamente para defender os direitos de crianças em situaão de vulnerabilidade no país. Direitos pelos quais famílias e profissionais têm lutado tão arduamente e que ainda hoje sistematicamente são desrespeitados, inclusive por um jornalista do porte e renome de Artur Xexéo. A dramaturgia tem o direito de em nome de sua liberdade de expressão ferir os princípios da Constituião Brasileira? Será a única categoria profissional com esse privilégio.

Atenciosamente,
Rosane Lowenthal
Presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down


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