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07/10/2013 Undime

Trabalho infantil e alto número de crianças fora da escola são temas de audiência no Senado

  [caption id="attachment_12566" align="aligncenter" width="598"](Foto: Undime) (Foto: Undime)[/caption]

?Educação e trabalho infantil estão associados e precisam ser tratados de tal maneira. A educação, além de ser uma medida preventiva, é uma forma de combate ao trabalho infantil?. É essa a defesa do ativista Kailash Satyarthi, criador da Marcha Global contra o Trabalho Infantil e indicado ao Nobel da Paz em 2006. Kailash junto a outros defensores da causa participaram na manhã desta segunda-feira (7) de audiência pública no Senado Federal para debater o contexto de exclusão escolar no país e os impactos do trabalho infantil.

Tiago Manggini é membro do Comitê do Distrito Federal da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e falou um pouco sobre a pesquisa ?Fora da Escola não Pode: o contexto de exclusão escolar no país e os impactos do trabalho infantil? desenvolvida pelo Unicef em parceria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação. A pesquisa, realizada em 2012, revelou que 3,7 milhões de crianças e adolescentes, entre 4 e 17 anos, estão fora da escola. Deste total, mais de 1,5 milhão são adolescentes. Apesar de a pesquisa apresentar dados gerais, Tiago se deteve à educação no campo. Segundo ele, é preocupante o ritmo de fechamento de escolas nessas áreas. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram de 2002 a 2010 mais de 27 mil escolas do campo foram fechadas. Além disso, existem outros fatores que influenciam, como transporte escolar, por exemplo. ?É preciso considerar a dificuldade de acesso à escola na área rural?, afirmou Tiago. Dados do Censo Escolar de 2010 apontam que 2,7 milhões de crianças e adolescentes se deslocam diariamente do campo até as cidades para estudar.

Associada às crianças que estão fora da escola está a questão do trabalho infantil que recebe pouca atenção por parte do Senado Federal, na opinião da secretária executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), Isa Maria de Oliveira. ?Perdemos o foco nos últimos anos. Precisamos colocar em prática as ações e políticas públicas de combate ao trabalho infantil. Isso é responsabilidade do poder público?, defendeu. Nesse sentido a opinião dos especialistas é unânime: é preciso garantir educação de qualidade para todos.

Há 33 anos na luta contra o trabalho infantil, Kailash reiterou o fato de que educação e trabalho infantil precisam ser tratados de forma associada, porém ?vemos que muitas vezes são tratadas como coisas diferentes. Não deve ser assim. São duas faces da mesma moeda. Educação significa vida, liberdade e dignidade humana?. O ativista, que está em Brasília para participar da III Conferência Global contra o Trabalho Infantil, disse que o mundo não está disposto a investir em educação, mesmo sabendo, por exemplo, que existem estudos que comprovam que o nível de escolaridade está diretamente relacionado à renda.

Kailash apontou ainda a falta de investimento em formação e qualificação dos profissionais de educação, que segundo ele, são fatores essenciais para determinar a qualidade da educação. ?Quando falo em trabalho infantil, gosto de trabalhar sobre a tríade educação, pobreza e trabalho infantil. Precisamos de estratégias mais eficazes para combater o trabalho infantil?.

O senador Cristovam Buarque (PDT/DF), responsável por conduzir a audiência, elogiou a qualidade do debate e enfatizou ?não há como erradicar o trabalho infantil sem falar em educação de qualidade?.

Autor: Undime


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