Você está aqui: Página Inicial > Notícia > Em Sertãozinho (SP), bons resultados educacionais são fruto de programas de formação continuada e valorização docente

Todas as notícias Categorias

29/01/2015 Undime

Em Sertãozinho (SP), bons resultados educacionais são fruto de programas de formação continuada e valorização docente

Ações diversificadas garantem a qualidade da educação no município e avanço no Ideb

04

Escolas com boa infraestrutura, programas de incentivo à leitura, projetos de inclusão e professores capacitados garantem a grande procura por vagas na rede municipal de ensino de Sertãozinho, a 305 km de São Paulo capital. As ações diversificadas garantiram a qualidade da educação no município de 118 mil habitantes, como mostram seus bons indicadores educacionais. De 2005 a 2013, por exemplo, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) avançou de 4,9 para 6,4. A rede também se destaca pela equidade: a distância entre a melhor e a pior escola de Sertãozinho é de apenas 1,8 pontos. Além disso, as escolas municipais de ensino fundamental Anacleto Cruz e Professor José Negri ficaram entre as dez melhores do Estado de São Paulo, conquista comemorada por professores e alunos.

Para Alexandre Salomão Bitar, secretário de Educação e Cultura da rede, os resultados positivos se devem a dois fatores: a valorização dos professores e a variedade de projetos desenvolvidos, elaborados a partir de pesquisas e experiências práticas e que funcionam de forma contínua - muitas estão em vigor desde 2001.

"Estamos sempre abertos a receber ideias e sugestões, que podem partir de diferentes profissionais da secretaria. Avaliamos as dificuldades e fazemos testes para verificar se a iniciativa irá contribuir para a aprendizagem", afirma a assessora de educação Maria Helena Viel. Para viabilizar esse procedimento, a secretaria criou uma equipe pedagógica, que sugere e acompanha a implementação dos projetos educativos. O grupo é formado por cinco professores, responsáveis por oferecer atendimento pedagógico para a rede, e por 27 coordenadores pedagógicos (oito de educação infantil e 19 de ensino fundamental), que atuam diariamente nas escolas.

Docentes

Os educadores têm acesso a quatro programas de capacitação bem estruturados, que buscam aprimorar o repertório dos profissionais. Um deles é a Semana Municipal de Educação, que existe desde 1996. Durante sete dias, os educadores participam de palestras, oficinas, conferências e debates relacionados à profissão.

O município ainda participa do Programa Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), que oferece formação para todos os professores alfabetizadores (do 1º ao 3º ano). Sertãozinho também aderiu ao Ler e Escrever, da Secretaria Estadual de Educação, que capacita docentes do primeiro ciclo do ensino fundamental, além de oferecer acompanhamento institucional e conteúdo didático para professores e alunos.

A quarta ação voltada à capacitação docente é o Formar em Rede, desenvolvido pela ONG Instituto Avisa Lá em parceria com a prefeitura de Sertãozinho. O objetivo é melhorar a qualidade da educação infantil no município com ações presenciais e a distância que promovem a troca de experiências, a circulação e a produção de conhecimentos.

Tal valorização se estende para a questão salarial. Enquanto o piso praticado no Brasil é de R$ 1.697,37 para 40 horas semanais, em Sertãozinho o professor recebe R$ 3.590,40 por essa jornada. "Esse tipo de investimento é fundamental, pois estimula os nossos educadores", diz Bitar. Só no primeiro semestre de 2013, a prefeitura investiu R$ 73 milhões na área de educação, ou seja, 28,4% do orçamento do município, superando o índice mínimo determinado pela Constituição, de 25%.

Projetos

A secretaria mantém atualmente 11 iniciativas voltadas à melhoria do ensino. Dentre as ações está o projeto de inclusão de alunos com deficiência. Em 2006, foi implantado na Emef Ângelo Colafemina o Centro de Recursos e Apoio Pedagógico (CRAP), composto por uma equipe multidisciplinar de psicólogas, pedagogas, psicopedagogas e fonoaudiólogas que atendem todos os alunos da rede. Além disso, desde 2003, a rede garante a presença de um professor cuidador exclusivo para crianças com algum tipo de deficiência.

Outro destaque é o Projeto de Informática, introduzido nas escolas de ensino fundamental a partir de uma parceria com uma empresa da área. Os monitores dão suporte técnico aos professores e atendem os alunos. A secretaria também garantiu acesso à internet em todas as unidades.

As duas iniciativas existem desde 2003 e vêm sendo aperfeiçoadas desde então. "Um dos principais desafios é mostrar para pais, alunos e professores que os projetos podem dar certo. No início, o receio é grande, mas aos poucos mostramos a força das iniciativas. Os problemas não devem ser contornados, mas enfrentados com ações que resultem em melhorias para toda a rede. E nossos projetos são exemplos disso", defende Bitar.

Leitura

Criado em 2001, o projeto Sol do Saber busca estimular o gosto pela leitura entre as crianças do 1º ao 9º ano do ensino fundamental. As bibliotecas das escolas - 17 das 43 unidades possuem o espaço - eram pouco frequentadas pelos estudantes, que sentiam falta de uma orientação maior quando buscavam seus livros. De olho nessa questão, a Secretaria de Educação e Cultura entendeu que o problema não era o espaço em si, mas a falta de uma atmosfera capaz de estimular os alunos. "Percebemos que tínhamos uma boa estrutura, mas não a aproveitávamos direito", comenta Amália Seron, coordenadora da iniciativa.

A partir dessa constatação, a secretaria deslocou professores das salas de aula para dentro de todas as bibliotecas escolares com o intuito de gerenciar e desenvolver atividades semanais no espaço. "Mantivemos as bibliotecárias, que oferecem o apoio técnico, somado à estrutura pedagógica criada pelos docentes", diz. Ela conta que a principal dificuldade enfrentada no início da implantação do projeto foi a resistência por parte de algumas escolas. "A preocupação principal era com perdas e danos que poderiam acontecer com o acervo da instituição, já que as publicações sairiam com mais frequência da biblioteca", comenta. Foi necessário fazer reuniões com professores e coordenadores para explicar o funcionamento e os benefícios do projeto, além de ações de conscientização junto aos alunos. "Hoje quase não temos perdas. Eles cuidam muito bem dos livros", afirma.

Atualmente, pelo menos uma aula por semana de cada turma é realizada na biblioteca de sua unidade. O professor responsável organiza atividades como rodas de leitura ou grupos de contação de histórias. Em seguida, ele sugere que os alunos levem o livro trabalhado para casa. "O aprendizado não termina aqui. Pelo contrário, esse é só um começo. Transformamos, em curto prazo, a escola tradicional em um espaço democrático. Os estudantes buscam informações, trocam ideias, discutem, tomam decisões, trabalham individual e coletivamente", diz. Os temas trabalhados ao longo do ano fazem parte de um planejamento criado pela equipe pedagógica da secretaria municipal. Os professores leitores recebem formação sobre uma série de assuntos que devem ser abordados com as crianças, que vão de sustentabilidade a relacionamento com os familiares. Também há um período, geralmente no último trimestre, em que os docentes podem escolher livremente os assuntos que preferem trabalhar. "Dessa forma estimulamos a criatividade de todos os envolvidos", diz Amália.

Além de desenvolver os projetos de leitura, os educadores atuantes nas bibliotecas têm um papel importante na rede. "Eles antecipam materiais referentes a datas comemorativas, auxiliam e incentivam a participação dos estudantes em concursos e realizam pesquisas que são compartilhadas com seus pares", ressalta Bitar.

Todo o trabalho desenvolvido ao longo do ano no projeto culmina na Feira do Livro, que acontece em praça pública geralmente na primeira semana do mês de setembro. No evento, são expostas publicações escritas e ilustradas pelos próprios alunos, nas quais eles colocam em prática o que aprenderam nas rodas de leitura. "As histórias geralmente têm relação com algum assunto ou característica da vida deles, o que desperta ainda mais a vontade de participar", conta Amália. Segundo ela, as feiras se transformaram em um grande ponto de encontro de educadores e jovens.

Escola para todos

Sertãozinho mantém, desde 2003, o projeto Escola de Período Integral, que garante a permanência das crianças nas instituições durante 9 horas por dia. A iniciativa beneficia 760 alunos de duas escolas localizadas em bairros mais afastados do centro da cidade e que sofrem com problemas relacionados à violência e à falta de recursos. O objetivo, segundo Bitar, é evitar que as crianças fiquem nas ruas e permitir que seu aprendizado seja baseado na interdisciplinaridade. No período da manhã, os alunos têm as aulas previstas no currículo regular e, à tarde, participam de atividades de coral, fanfarra, filosofia, fotografia, musicalização, matemática lúdica, produção textual e tênis de mesa, entre outras.

Garantir a adesão de todos os alunos, no entanto, foi um grande desafio, já que a modalidade ainda não era conhecida pela população. "Realizamos um trabalho de conscientização junto aos pais e abrimos as apresentações dos alunos para eles como uma forma de presenciarem a importância da iniciativa", afirma Luciana Fernandes Ambrósio, diretora da escola Elvira Arruda de Souza, uma das beneficiadas pelo projeto. Com nova sede inaugurada em 2000, a instituição agora conta com a infraestrutura necessária para oferecer o currículo diferenciado: salas amplas, brinquedoteca, laboratórios, sala de fotografia, anfiteatro e sala de dança. Na unidade, as oficinas são realizadas por 45 professores que atendem 360 crianças em tempo integral.

Autor: Revista Escola Pública

http://revistaescolapublica.uol.com.br/textos/42/em-sertaozinho-sp-bons-resultados-educacionais-sao-fruto-de-programas-335324-1.asp


Parceria institucional